Lá pelos anos 80,
quando eu servia como Major-Aviador no Primeiro Comando Aéreo Regional, em
Belém do Pará, fui “escalado” para ver de perto o que “os americanos” estavam
querendo descobrir na foz do Rio Amazonas. A missão ia ser realizada em uma
aeronave do mesmo tipo que a FAB “comprou”, o “P3-AM Orion”. E a minha “função
a bordo” era a de tentar descobrir o que os americanos estavam tão interessados
em saber o que havia na foz do nosso grande rio. Botos e jacarés eu sabia que
não era.
Fui “ver de perto”,
atendendo ao gentil convite das “autoridades americanas”. Mas, apesar de ter
sido muito bem recebido pela tripulação, eu estava intrigado com o convite. O
que eu ia fazer à bordo daquela tão muito bem equipada aeronave, pertencente à
mais poderosa força aérea do mundo, anos luz na frente da nossa? – Mas ao mesmo
tempo eu me dizia que em termos materiais eles podiam estar muito, muito na
nossa frente; mas não em termos de pessoal.
Nesse ponto e naquela hora eu me sentia igual a eles! Só não podia “ostentar”
as mesmas “medalhas de guerras” que eles, tão somente porque eu não participara
das tantas guerras que eles mesmos criam ao redor do mundo; tanto guerras em
defesa da democracia; como guerras em defesa dos seus interesses particulares.
Assim sendo, não temos as mesmas oportunidades de mostrar os nossos valores;
aquelas mesmas oportunidades que tiveram os nossos pilotos nos céus da Itália,
na segunda mundial.
A missão dos pilotos
americanos era a de pesquisar as variações da temperatura das águas na foz do
nosso grande rio, desde a superfície, até o fundo do mar. Esse mesma missão era
feita na foz de todos os grandes rios do mundo, fonte de saídas de ricas e estratégicas
matérias primas. Era um voo muito preciso, muito bem planejado e controlado, e
que seria a única maneira de se saber, numa guerra, se por ali passara algum “submarino
nuclear”, cuja passagem provocaria variação na temperatura das águas profundas.
Era um voo muito parecido com as pernas de voo de aerofotogrametria que
fazíamos, voando nos C-130 do 1/6 GAV,
em Recife.
Se faço esse “arrodeio
todo” é tão somente para mostrar que os nossos pilotos, assim como os nossos
atletas, principalmente, e aqui puxo brasas para minhas sardinhas, os nossos “atletas
militares” -- tão capazes quanto aos “atletas americanos”, e de outros “grandes”,
que tão orgulhosamente recebem suas merecidas medalhas de ouro, ao som de seus
vibrantes hinos nacionais!
Tecnologias avançadas;
caças supersônicos; armamento nuclear; VLS (Veículos Lançadores de Satélites),
prêmios Nobel, “atletas de ouro” e outras “coisinhas” assim -- não são como
bananas, que plantando dá. Precisam de muito sangue, muito estudo, muita dedicação,
muito suor, muitas lágrimas...
Coronel Maciel.
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