São
Gabriel da Cachoeira.
Aconteceu há não sei quantos anos; eu ainda era Capitão, debaixo
da asa de um possante “Dakota” C-47, num sol equatorial quente de meio-dia, pronto
pra decolar ruma à “Cabeça do Cachorro”, limites com a Colômbia, pousando em
várias “Missões Salesianas”, quando um daqueles índios, nossos passageiros, gritou:-- Pega o “viado”!. Era um “viado mesmo”,
e a cachorrada magra saiu em disparada perseguindo o coitado, que voltou do
maio da pista, pulou desesperado a cerca onde ficavam os tambores de
combustível, bateu com a cabeça num deles, quebrou o pescoço, morreu e foi pro céu.
Chamei o nosso amigo Guarda-Campo e “ordenei” que deixasse tudo pronto para um
churrasco, aguardando nosso regresso, para o pernoite. Chegamos de tardezinha,
e nas margens do Rio Uaupés, um dos afluentes do majestoso Rio Negro, olhando
de longe o morro da “Bela Adormecida”, jantamos o mais suculento dos churrascos,
ao som de viola, cerveja e muita cachaça, pois ninguém era de ferro. Assim eram
os nossos pernoites; longe de Paris, Londres, ou Nova York; nos mais variados cantinhos escondidos nas
margens dos rios e igarapés, verdadeiras veias e artérias que cortam a
majestosa floresta amazônica. Velhos tempos. Saudosos tempos que não voltam nunca
mais...
Coronel Maciel.
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