domingo, 6 de maio de 2018

Coronel Corisco.


Coronel Corisco, para quem não conhece.
Foi na época da "Nova República”; época das eufóricas esquerdas; da era Sarney. Eu servia no Segundo Comar, em Recife, quando o Brigadeiro Castelo Branco, hoje voando entre as estrelas dos céus, foi intempestivamente "demitido" do Comando, por ordem dos novos “chefões” da FAB. Como eu era seu Chefe de Gabinete, fui "pará” em Belém do Pará. De Belém, logo outra transferência, desta vez para Brasília, quando, revoltado, escrevi um artigo que me proporcionou 15 dias de cadeia, sem fazer serviço. Novo castigo, nova transferência, desta vez de Brasília para o Rio, onde dei meus últimos suspiros na minha querida Força Aérea. Desisti. Mas foi tudo por culpa do “Degas” aqui, esse velho piloto embriagado e embriagador, a alma cheia de arestas. Chegando ao Rio, fui procurar abrigo no Cassino da Base Aérea do Galeão. Dando uma olhadinha na lista de “passageiros”, e lá encontrei o nome do Corisco. - - É neste quarto mesmo que eu vou ficar, disse para o ”estalajadeiro”. Bati no quarto (me acompanhavam um violão, duas tristezas, e muita saudade de casa). Corisco me recebeu com um longo e fraternal abraço: - - Mano velho, você por aqui?!-- Fiquei sabendo das sacanagens que fizeram com você. -- Seja bem-vindo ao seu novo lar... kkkkkkkkkkkkkkk e soltou uma das suas mais estrondosas gargalhadas! Corisco já estava meio "melado" (era um domingo, à tardinha; boca da noite). Perguntou se eu aceitava um cabo, ou um sargento. (Um cabo: dois dedos de pinga; um sargento... três). Não demora muito, e já estávamos cantando as músicas do Luís Gonzaga, músicas que ele adorava tanto! Houve uma hora em que ele não resistiu de tanta emoção e largou um "Dó de Peito”: - - "Só deixo o meu Cariri... No último pau de arara...” No dia seguinte o Corisco me prega a maior surpresa: - - Entro no quarto e dei de cara com meia dúzia de engradados de “Pilsen Extra”! -- Dúzias e dúzias de “felicidade engarrafada”. Um fogãozinho elétrico para fazer uns tira-gosto e um freezer. Era o bastante pra matar nossas saudades. Corisco gostava muito das histórias de Lampião: - - “Volta-Seca”, solte os presos, que o mundo já é prisão! Corisco lembrava o jeitão do Corisco, da turma de Lampião. Daí o porquê de ele ser mais conhecido como "Corisco", o nosso saudoso Coronel Intendente Eraldo Correia de Lima, hoje com certeza gozando as delícias de morar no céu, com certeza "melado" e degustando os melhores vinhos dos Deuses, na companhia dos anjos e das mais belas virgens santas: brancas, louras, negras, mulatas ou morenas; miudinhas, baixinhas ou gigantes, cantando hinos Gregorianos, nas suas noitadas pelos céus, entre as estrelas: - - Espere por mim, mano velho!
Coronel Maciel.






Um comentário:

Anônimo disse...

Não queira morrer. Na morte ficamos num estado de inatividade total.Ecl.9:5-10
Somente aguardando João 5:28 e 29.