Coronel Corisco, para quem não
conhece.
Foi na época da
"Nova República”; época das eufóricas esquerdas; da era Sarney. Eu servia
no Segundo Comar, em Recife, quando o Brigadeiro Castelo Branco, hoje voando
entre as estrelas dos céus, foi intempestivamente "demitido" do
Comando, por ordem dos novos “chefões” da FAB. Como eu era seu Chefe de
Gabinete, fui "pará” em Belém do Pará. De Belém, logo outra transferência,
desta vez para Brasília, quando, revoltado, escrevi um artigo que me
proporcionou 15 dias de cadeia, sem fazer serviço. Novo castigo, nova
transferência, desta vez de Brasília para o Rio, onde dei meus últimos suspiros
na minha querida Força Aérea. Desisti. Mas foi tudo por culpa do “Degas” aqui,
esse velho piloto embriagado e embriagador, a alma cheia de arestas. Chegando ao
Rio, fui procurar abrigo no Cassino da Base Aérea do Galeão. Dando uma
olhadinha na lista de “passageiros”, e lá encontrei o nome do Corisco. - - É
neste quarto mesmo que eu vou ficar, disse para o ”estalajadeiro”. Bati no
quarto (me acompanhavam um violão, duas tristezas, e muita saudade de casa).
Corisco me recebeu com um longo e fraternal abraço: - - Mano velho, você por
aqui?!-- Fiquei sabendo das sacanagens que fizeram com você. -- Seja bem-vindo
ao seu novo lar... kkkkkkkkkkkkkkk e soltou uma das suas mais estrondosas
gargalhadas! Corisco já estava meio "melado" (era um domingo, à
tardinha; boca da noite). Perguntou se eu aceitava um cabo, ou um sargento. (Um
cabo: dois dedos de pinga; um sargento... três). Não demora muito, e já
estávamos cantando as músicas do Luís Gonzaga, músicas que ele adorava tanto!
Houve uma hora em que ele não resistiu de tanta emoção e largou um "Dó de
Peito”: - - "Só deixo o meu Cariri... No último pau de arara...” No dia
seguinte o Corisco me prega a maior surpresa: - - Entro no quarto e dei de cara
com meia dúzia de engradados de “Pilsen Extra”! -- Dúzias e dúzias de
“felicidade engarrafada”. Um fogãozinho elétrico para fazer uns tira-gosto e um
freezer. Era o bastante pra matar nossas saudades. Corisco gostava muito das
histórias de Lampião: - - “Volta-Seca”, solte os presos, que o mundo já é
prisão! Corisco lembrava o jeitão do Corisco, da turma de Lampião. Daí o porquê
de ele ser mais conhecido como "Corisco", o nosso saudoso Coronel
Intendente Eraldo Correia de Lima, hoje com certeza gozando as delícias de morar
no céu, com certeza "melado" e degustando os melhores vinhos dos
Deuses, na companhia dos anjos e das mais belas virgens santas: brancas, louras,
negras, mulatas ou morenas; miudinhas, baixinhas ou gigantes, cantando hinos
Gregorianos, nas suas noitadas pelos céus, entre as estrelas: - - Espere por
mim, mano velho!
Coronel Maciel.
Um comentário:
Não queira morrer. Na morte ficamos num estado de inatividade total.Ecl.9:5-10
Somente aguardando João 5:28 e 29.
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