domingo, 26 de agosto de 2012

Só sei que nada sei...


Talvez a NASA algum dia divulgue algumas descobertas que comprovem a existência de vidas em outros lugares, em outros planetas, neste infinito mundo de Deus, do meu Deus, do Deus que eu acredito?

Para mim, isto nunca foi novidade. Aliás, é a única coisa em que eu acredito sem ver.  Eu, que sou como São Tomé, que só acreditava, vendo! Por isso que eu não acredito em discos-voadores; eu nunca vi, nem nunca hei de ver; nem eu, nem o Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, que também nunca viu. Talvez ele agora os possa ver no seu longo voo até chegar aos céus, para continuar voando em grupo, nas gloriosas esquadrilhas entre os anjos guardiões dos céus!

Muita gente, e gente muito boa, continuam a duvidar que o homem já “pousou” na lua. Mas continuam a acreditar que Jesus Cristo é filho de Deus e que nasceu de uma virgem santa... Apresso-me a dizer que não sou ateu: acredito em alguma coisa; só não sei em quê... Mas não consigo acreditar em nenhum desses deuses criados pelos homens; desde aqueles completamente inofensivos, e que na realidade nem existiram, da mitologia grega, até os “deuses” da nossa atualidade...

Estou ao lado do popular, mas muito incompreendido Sócrates. Não estou falando do nosso também popular Dr. Sócrates, grande craque de futebol, que, dizem as más línguas, “envenenou-se” com prolongadas e generosas doses da sua querida “branquinha” rsrs – Estou falando daquele que foi, se não o maior, mas um dos maiores filósofos de todos os tempos e que nasceu muito antes de Jesus e morreu envenenando-se com cicuta; aquele reagiu magnificamente ao pronunciamento do oráculo de Delfos, que o apontava como o mais sábio de todos os homens, dizendo: -- Só sei que nada sei...

A descoberta de vidas em outros planetas levantará sérias discussões filósofo-religiosas a respeito do nosso lugar no espaço; neste nosso desconhecido universo abissal. Quais as consequências para a história da nossa presunçosa humanidade, quando forem confirmadas vidas em outros planetas? -- Fico a imaginar o impacto que tais descobertas possam ter em nossas religiões, em nossas crenças; no judaísmo, no espiritismo, no islamismo, no cristianismo; nos terreiros de umbanda, de macumbas; nos bares da vida, quando adeptos dessas religiões nos afirmam que nós, pobres seres humanos, somos a imagem e semelhança de Deus, e por Deus escolhidos como filhos preferidos?

Na doutrina cristã esta escolha divina foi levada a extremos, ao afirmar que, para resgatar a humanidade do pecado, Jesus Cristo, o próprio filho de Deus, tornou-se humano e deixou-se sacrificar na cruz! -- O que aconteceria então se criaturas de outros planetas forem muito mais evoluídos que nós? Eles seguiriam também a doutrina cristã? Qual a noção que eles teriam de “pecado”? E se -- como os sábios poetas pecadores; os sábios ébrios seresteiros; os enlouquecidos amantes, os perseguidos, que afirmam que “pecar é não pecar”? -- Seus “pecados” seriam também redimidos pela graça divina? -- Só nós aqui na terra, neste nada, neste “zero pequenino”, seríamos considerados os “favoritos de Deus”? Medalhas de ouro de Deus?

São questões metafísicas, religiosas, que fogem à minha fraca e pecadora inteligência...

 

Coronel Maciel.