Talvez a NASA algum dia divulgue algumas
descobertas que comprovem a existência de vidas em outros lugares, em outros
planetas, neste infinito mundo de Deus, do meu Deus, do Deus que eu acredito?
Para mim, isto nunca foi novidade. Aliás,
é a única coisa em que eu acredito sem ver.
Eu, que sou como São Tomé, que só acreditava, vendo! Por isso que eu não
acredito em discos-voadores; eu nunca vi, nem nunca hei de ver; nem eu, nem o
Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, que também nunca viu. Talvez
ele agora os possa ver no seu longo voo até chegar aos céus, para continuar
voando em grupo, nas gloriosas esquadrilhas entre os anjos guardiões dos céus!
Muita gente, e gente muito boa, continuam
a duvidar que o homem já “pousou” na lua. Mas continuam a acreditar que Jesus
Cristo é filho de Deus e que nasceu de uma virgem santa... Apresso-me a dizer
que não sou ateu: acredito em alguma coisa; só não sei em quê... Mas não
consigo acreditar em nenhum desses deuses criados pelos homens; desde aqueles
completamente inofensivos, e que na realidade nem existiram, da mitologia
grega, até os “deuses” da nossa atualidade...
Estou ao lado do popular, mas muito
incompreendido Sócrates. Não estou falando do nosso também popular Dr.
Sócrates, grande craque de futebol, que, dizem as más línguas, “envenenou-se”
com prolongadas e generosas doses da sua querida “branquinha” rsrs – Estou
falando daquele que foi, se não o maior, mas um dos maiores filósofos de todos
os tempos e que nasceu muito antes de Jesus e morreu envenenando-se com cicuta;
aquele reagiu magnificamente ao pronunciamento do oráculo de Delfos, que o apontava
como o mais sábio de todos os homens, dizendo: -- Só sei que nada sei...
A descoberta de vidas em outros planetas
levantará sérias discussões filósofo-religiosas a respeito do nosso lugar no
espaço; neste nosso desconhecido universo abissal. Quais as consequências para
a história da nossa presunçosa humanidade, quando forem confirmadas vidas em
outros planetas? -- Fico a imaginar o impacto que tais descobertas possam ter
em nossas religiões, em nossas crenças; no judaísmo, no espiritismo, no
islamismo, no cristianismo; nos terreiros de umbanda, de macumbas; nos bares da
vida, quando adeptos dessas religiões nos afirmam que nós, pobres seres
humanos, somos a imagem e semelhança de Deus, e por Deus escolhidos como filhos
preferidos?
Na doutrina cristã esta escolha divina
foi levada a extremos, ao afirmar que, para resgatar a humanidade do pecado, Jesus
Cristo, o próprio filho de Deus, tornou-se humano e deixou-se sacrificar na
cruz! -- O que aconteceria então se criaturas de outros planetas forem muito
mais evoluídos que nós? Eles seguiriam também a doutrina cristã? Qual a noção
que eles teriam de “pecado”? E se -- como os sábios poetas pecadores; os sábios
ébrios seresteiros; os enlouquecidos amantes, os perseguidos, que afirmam que
“pecar é não pecar”? -- Seus “pecados” seriam também redimidos pela graça
divina? -- Só nós aqui na terra, neste nada, neste “zero pequenino”, seríamos
considerados os “favoritos de Deus”? Medalhas de ouro de Deus?
São questões metafísicas, religiosas,
que fogem à minha fraca e pecadora inteligência...
Coronel Maciel.