Cadernetas de Voo.
Às vezes eu também
gosto de ler, de rever, artigos idos, vividos e esquecidos, neste meu velho
BLOG; assim como, vez em quando, de rever minhas velhas “Cadernetas de Voo”; de
ler minhas “Folhas de Alterações”, cheias de boas e más recordações. Às vezes
eu mesmo me surpreendo, e fico pensando: será que “sou eu mesmo” que vivi essas
aventuras; essas coisas todas, ou foi tudo sonhos, nada mais. Todos nós somos
assim: faríamos tudo de novo? Quando menino ainda, menino travesso, menino
moleque, menino danado de bom, que -- além de viver empinando papagaios,
jogando bola na rua; jogando peteca, pegando pião na unha; “brechando” meninas nuinhas
tomando banho nos igarapés, tudo de pés
descalços e braços nus; tudo na minha linda, quente e úmida cidade morena Belém
do Pará – Gostava também de ficar horas esquecidas olhando os céus do quintal lá
de casa, imaginado coisas... Sonhando coisas... Sonhando, sonhando... São
tantos os sonhos e devaneios quando somos crianças. Naqueles velhos tempos, naqueles idos de
1950, eu ficava olhando o voo dos “Catalinas” da FAB, lá no alto, lá no céu,
beijando as nuvens, em voos de treinamento de estóis, monomotor simulado,
velocidade reduzida, arremetidas no ar e tantas outras manobras necessárias
para tornar os pilotos aptos para os perigosos voos sobre o “Inferno Verde”,
outro nome da majestosa floresta amazônica.
Em frente de casa ficava a “reta final” para pouso no aeroporto
internacional de “Val-de-Cans”. Os aviões da época eram os Douglas DC-3, os
Curtiss C-46, os garbosos “Constelations”, das antigas companhias de aviação:
-- Cruzeiro do Sul, Lóide Aéreo, NAB, PANAIR. Vez em quando chegavam aviões da
PANAM, vindo dos Estados Unidos, para pousos técnicos em Belém. Chegavam de
tardezinha vindos do Rio, São Paulo, Manaus, Santarém, Miami, que passavam tão
baixos, com seus trens e flaps baixados, quase roçando as linhas enceradas dos
nossos papagaios. Já naqueles tempos os meus sonhos se resumiam em ser piloto
daqueles “enormes” aviões! Não deu outra: com 16anos, 1957, ingressei na EPC do
Ar, em Barbacena, “a cidade das rosas e do melhor clima do Brasil”, de onde
“decolei” para grandes e saudosas missões nos aviões da nossa querida Força
Aérea Brasileira!
Coronel Maciel.
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