Passei horas, dias,
meses, estudando e tentando imitar os dois “rabiscos” que o Camarão usava como “assinatura”.
Depois que o Camarão descobriu que eu era “Paraense”, nos tornamos grandes e “fraternais”
amigos. Ele me chamava de “Fura-Bolo”, pois não havia segredo, nem “mal tempo”
para mim; furava, e furava mesmo, qualquer “CB” que aparecesse na minha frente!
Hoje, eu mesmo duvido que tenha feito tantas leãozadas, continuando vivo. O Camarão
confiava muito em mim, e eu muito mais nele. Já lhes contei quando uma vez
decolamos, eu e o “Tomé”, na manhã bem cedinho de um sábado muito frio, num “Beech-Mata-Sete”,
com a missão de transportar três professores franceses, que nos aguardavam em Cumbica.
Logo após a decolagem, deu-se o “impossível”: monomotor! Imediatamente
informado, o Camarão me chama para um “particular”, dizendo: “Fura-Bolo”, me
pegue o “Regente” -- a única “coisa” parecida com um avião, disponível -- e me
traga eles aqui. Mensagem à Garcia, Brigadeiro? Ele, sorrindo, com aqueles seus
cabelos brancos, confirmou. Decolei e voltei, nós quatro, são e salvos, bem em
cima da hora para início da conferência! O Camarão me agradeceu, sorrindo,
quando eu lhe disse, baixinho: Brigadeiro, vem bronca por aí; passei por cima
de todas as regras de voo, para poder cumprir a missão. Ele: -- Fique frio,
Fura-Bolo; deixe comigo!
Como eu ia dizendo no
início da nossa conversa, uma vez, sabendo que um “coronel”, que não sei bem
porque não ia muito com a minha cara, fiz lhe chegar às mãos um “Ordem de Missão”,
me autorizando, “pelos bons serviços prestados”, pegar um T-6 e ir passear
durante as férias por onde eu bem quisesse, e com “diárias” adiantadas. Ora,
tal “fato” indignou o coronel que foi confirmar com o Camarão a “veracidade”,
pois a “assinatura” estava lá, confirmando tudo. O Camarão leu e deu uma
daquelas suas grandes gargalhadas, olhando para mim, que observava tudo de
longe...
Coronel Maciel.
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