My Way... rsrsr
Sempre fui muito mais Aviador
que Oficial. Sempre! Nunca fui de muitos estudos. Nem sei como cheguei a Coronel!
E todas as promoções por merecimento. Vejam só que coisa mais louca: entrava no “Quadro
de Acesso” sempre por antiguidade e sempre recorria e sempre ganhava. Durante
as aulas, eu fazia de tudo para prestar o máximo de atenção; mas sempre me
surpreendia com os pensamentos voltados para a cabine dos meus T-6’s, meus
primeiros aviões; para os livros que eu mais gostava de ler, ou bem longe, lá
nas ruas da minha doce cidade morena, Belém do Pará, empinando meus papagaios,
jogando petecas, ou peladas com bolas de meias roubadas das minhas irmãs. A
mesma coisa acontece quando converso com alguém; se o assunto não me interessa,
eu permaneço olhando para o meu “interlocutor”, mas meus pensamentos estão
longe, muito longe do que estão querendo me dizer; ou mais ligado, não no que
me dizem, mas desconfiado daquilo que estão querendo me dizer. Um grande amigo
meu, durante o curso na Escola de Comando e Estado Maior da Aeronáutica, ECEMAR,
tremia de medo só em pensar numa aula que todos nós teríamos que dar, no fim do
curso, para uma plateia atenta, crítica e severa de coronéis e instrutores. A
ECEMAR é um dos degraus mais importantes para se chegar às “Estrelas”. Cobra
engolindo cobra. Pois bem, esse meu
amigo “decorou a sua aula”... por inteiro. Eu lhe dizia que aquilo era um
perigo; no primeiro vacilo, ele iria perder o rumo. E foi o que aconteceu: na
primeira pergunta que lhe fizeram, não conseguiu mais ir em frente; foi uma
pena. A minha aula foi sobre astronomia, meu “robe” preferido; sabia tudo sobre
as estrelas; como navegar pelas estrelas. Ninguém acreditava no tema da minha
aula. Subi “no palco”, com uma única ajuda de instrução: uma carta celeste. Subi no palco, vi e venci. Hoje, muitos são os amigos que reconhecem que eu deveria publicar um
livro; mas eu mesmo reconheço que meus artigos (nem todos, nem todos...) são
pesados; são quentes; alguns até imorais; às vezes podem até queimar. Razão
pela qual, e me apresso a lhes dar razão, nunca consegui publicar nenhum deles
na nossa “Revista Aeronáutica”; quanto mais recorrer ao nosso INCAER. Mais uma
vez reconheço que sempre fui muito mais “Aviador” que “Oficial”, e sempre fui
feliz agora e assim e durante toda essa minha longa trajetória voando nas asas da
minha querida Força Aérea Brasileira!
Coronel Maciel.
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