Depois de não sei
quantos dias, meses, preso no meu quarto, ontem joguei tudo p’ro alto e lá fui
eu saborear uma peixada de “Bicuda”, lá no “Canto do Mangue”, aqui em Natal, e
aproveitei para colocar “up to date”, como se diz lá em Las Vegas, “Vegas” para
os íntimos, os questionamentos filosóficos que me atormentam, tanto eu, como aqueles
velhos marinheiros, todos amigos meus. Eles, pilotos dos seus corajosos
barquinhos de pesca; eu, como eles descobriram, piloto dos meus velhos aviões. Todos
contando um pouco das suas velhas mentiras. São homens simples; uns, completos
analfabetos; outros, quase; mas todos donos de rudes inteligências. Nem um
deles acredita que é a Terra que gira em torno do Sol, como dizia o velho
Galileu, que acabou, se não estou enganado, fritado nas fogueiras dos Cardeais
da época. “Ninguém é capaz de mexer com a terra”, eles me dizem. Dizem, e é
verdade; pelo menos para eles. Outra coisa que gosto de perguntar é se eles
acreditam em céu e inferno; a maioria me diz que não; céu e inferno “fizeram
suas casas aqui mesmo na terra”. Outra: “Morreu”, acabou; mudos, mais nada,
como dizia, a minha querida “Cecília Meireles”. Outra coisa que muitos deles
não acreditam é que Jesus tenha nascido de uma “Virgem”, e tudo por obra e
graça do Espírito Santo, e que por isso era filho de Deus. Eu também penso
assim, e digo pra eles: -- Jesus foi a pessoa mais poderosa do mundo; muito
mais que o Trump; mais conhecido que os Beatles, que o Neymar; muito mais
inteligente que o Einstein; mais que tudo no mundo, embora o mais “incompreendido”;
mas não era filho de Deus. Eles ficam me olhando, com suas dúvidas e
incertezas, e acabam dando as mais gostosas gargalhadas, acompanhadas de goladas
de cachaça que eu compro pra todos eles viverem risonhos e felizes...
Coronel Maciel.
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