Ia eu hoje, manhã cedinho,
dando minhas sonolentas caminhadas, assobiando uma musiquinha bem antiga, que
reza:-- Estou ficando velho/mas não sinto cansaço/ e também não me troco/ por
qualquer bacanaço/ pois quando eu chego/ na minha sociedade/ as mulheres
exclamam/ chegou seu felicidade -- quando sou interrogado por um esbelto
garotão, desses tipo “atleta no corpo, no crâneo, menino”; desses que passam horas, dias, meses malhando nas
Academias, acompanhado pelo seu cachorrão de estimação, quando parou, ficou me olhando admirado, e mui
educadamente perguntou:-Mestre, desculpe eu perguntar: qual é mesmo a sua idade?
-- Oitenta! – E a sua? – 34. E fomos caminhando, conversando, quando eu
perguntei o que ele gostava de fazer na vida: -- Nada, respondeu brincando;
nada; minha família felizmente é rica.
-- Gosto mesmo é de surfar; de me esbaldar, de namorar todas essas
garotas lindas desta cidade maravilhosa, pois de repente a gente também pode
chegar aos 80... disse também brincando. -- Você gosta de ler? -- Não. Aliás,
para lhe ser sincero, eu nunca li nem um livro na vida! Nos despedimos, e lá fui eu caminhando e
assobiando pelas ruas do meu bairro, e pensando assim, como pensam os poetas: como
tem cara que nasce de “cu pra lua”, neste mundo. -- Porra, eu, e muitos outros de
“nóis”, com 34, estávamos em pleno voo; uns, sobrevoando as ondas verdes dos mares do mundo, pilotando seus lindos aviões;
outros, sobrevoando a imensa, linda, majestosa, verdejante Floresta Amazônica. Uns, quando morrem, dizem,
vão direto para o céu; outros, ficando voando pelas redondezas...
Coronel Maciel.
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