domingo, 20 de julho de 2014

"Ditosos Palavrões"!


Nada melhor que um bom palavrão, aplicado na hora certa, “cirúrgico”, para baixar nossas pressões! Em poucas palavras, três no máximo, dizemos tudo o que merecia ser dito! -- Raivas, prazeres, gozos, medo, tudo! Muita gente boa; escritores famosos; nacionais e internacionais; alguns até expoentes de Academias de Letras, como o nosso bom baiano, o João Ubaldo Ribeiro, hoje a caminho dos céus. Leiam o seu “A Casa dos Budas Ditosos” pra vocês gozarem de suas delícias. Florearam seus livros os mais lindos e ditosos palavrões!  

Cardeais famosos também! Madres superioras, também! Meninas de colégios de freiras; meninas de Escolas Domésticas. “Meninas desonestas”, dessas que rodam bolsinhas pelas ruas das cidades, todos e todas naquela hora “H”; na hora dos amores, dos ciúmes e das raivas, soltam a língua. Cadetes, coronéis, todos, até na hora da morte, amém!

Na primeira vez que fui me confessar -- isto naqueles velhos tempos em que eu ainda acreditava em muitas “coisas”; coisinhas à toa, na minha pecadora opinião -- fiz um “rol” dos meus pecados, tanto os veniais, como os “mortais”, todos eles, para sussurrar, temeroso, nos ouvidos do padre. -- Todos, coronel? -- Nem todos, nem todos.  Não teria nunca coragem de dizer que eu já estava cheio das impurezas daqueles prazeres solitários.

Terminada a penitência -- nem me lembro  mais de  quantas ave-marias,  quantos “creio em Deus padre todo poderoso”, fui obrigado a rezar, para que meus pecados fossem  perdoados --  e sem saber se era mesmo o padre, ou o meu arrependimento que me salvaria do” fogo eterno”, voltei pra casa um tanto quanto muito apavorado, pois o padre me dizia que se peca até por pensamentos... -- Nossa!  

A minha “primeira comunhão”, no dia seguinte -- vestido todo de branco, com vela na mão, um verdadeiro anjo! -- Até lá, até chegar a hora da hóstia consagrada, nada de pecar. Nem pensar! -- Mas como evitar os “maus pensamentos” que naqueles tempos já perseguiam minha santa inocência?  Chegando em casa, fui logo me deitar. Nada de ir brincar na rua, lugar onde se aprende os maiores palavrões! Nós só dormíamos em gostosas redes em minha casa, em Belém. Fui me deitar cheio de pudores, com medo até de sonhar! Sonhar com tantas “imundícies”...  

Eu era muito criança, confesso a vocês; mas uma criança não tão inocente assim, como vocês erradamente devem estar me achando, porquanto eu era muito, muito perseguido, satanicamente perseguido por tantos maus pensamentos.

Perdi minha santa inocência por causa da Marta Rocha, com aquelas suas lindas duas polegadas a mais, por demais sensuais e provocativas, num mal comportado maiô, posando nas capas das revistas da época.

Quanta diferença dos dias de hoje. Hoje eu não peco mais...rs

Coronel Maciel.

 

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