segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Meus velhos tempos na "Ditadura".



Hoje eu passei horas esquecidas deitado em minha rede ouvindo discursos, aplausos, “mineirices”, durante a posse de “Cármen Lúcia”, como Presidente do Supremo. (Não como PresidentA, como ela faz questão de frisar...). Presente à cerimônia, Lula da Silva, “Autor Intelectual” ... Fiquei assim pensando, matutando, me lembrando daquele hoje tão distante dia -- estávamos no auge da “Ditadura” -- naqueles bons tempos, hoje tempos muito mal lembrados em eventos dessa natureza.   
Estávamos em pleno voo transportando o Ministro das Comunicações, Higino Corsetti, numa longa viagem pelo interior do Norte/Nordeste, naquele grande esforço que os “Ditadores” faziam para melhorar as comunicações por este imenso Brasil, um Brasil que não “falava” com ninguém. Nem o Norte com o Sul nem o Este com Oeste. Acompanhava o ministro sua esposa, pois nos muitos municípios onde eram instaladas as torres e linhas de transmissões dos sinais, os prefeitos também se faziam acompanhar das suas respectivas.
Num dos nossos pernoites, foi em Fortaleza, fiquei sabendo pelo ajudante de ordem do Ministro que o casal completaria 25 anos de casados, no dia seguinte. A missão era feita no popular Douglas C-47, vulgo Dakota, equipado que estava com “confortáveis” poltronas.  O meu “Copila” era o meu grande amigo “Tenente Alcântara”, hoje voando entre anjos, anjas, e estrelas dos céus! Bolamos então um “audacioso” plano que, se desse certo, nos renderia bons frutos.
Mandei comprar 25 rosas vermelhas “gigantes” e fizemos um cuidadoso “Briefing” antes da decolagem para Teresina. O Taifeiro de Bordo, também um ótimo corneteiro, era um enorme “Criolão”, digo isso muito carinhosamente, sem conotações pejorativas; um Negão muito bem aprumado nos seus quase dois metros de altura, vestido à caráter, todo de branco, orgulhoso da sua nobre profissão. Ele ficaria segurando as rosas; eu ofereceria as “Vermelhonas” à esposa do Ministro, e o Alcântara faria o discurso. Voávamos alto, no topo das nuvens, evitando as fortes turbulências.  O piloto automático ligado. Acordamos o casal e, muito educadamente, ofereci à distinta senhora as 25 lindas rosas vermelhas (quase que ela chora de tanta emoção...).  O Alcântara então “abriu o verbo”, estudante de direito que era e contumaz “em faltas dessa natureza”. Pois muito bem: dali em diante demos adeus aos pernoites nos alojamentos dos nossos pobres Destacamentos, passando a pernoitar nos melhores hotéis, comendo do bom e bebendo do melhor. Um dos pernoites foi em Belém, exatamente no dia “Dia do Círio”, com o casal apreciando da sacada do Hotel a enorme procissão -- vagarosa, parecendo imensa cobra humana se arrastando pelo chão!
Era nos bons tempos da “Ditadura”.
Coronel Maciel.

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