sexta-feira, 13 de julho de 2012

Já não se faz mais generais como antigamente...


Todos nós sabemos, e isto nós ficamos sabendo desde “criancinhas”; desde quando entramos nas Escolas Militares; desde os tempos de cadetes que greve não se coaduna com a vida militar. Quando um militar não concorda com determinada ordem ele pode “ponderar”, pode até revoltar-se e acabar cadeia. Mas a vida militar não perdoa e nos obriga a cumprir ordens! Ou então, “pedir as contas”; deixar a sua função ou o seu cargo, ir embora, mas sempre se responsabilizando por todos os seus atos!

Mas acabo de receber um e-mail informando que um corajoso deputado federal; corajoso e sensibilizado com nosso atual estado de penúria; falando grosso para todo o mundo ouvir, lá do alto da tribuna da Câmara dos Deputados que “já não se faz mais generais como antigamente” e que é “frouxidão” das Forças Armadas aceitar que um “carcereiro” ganhe mais que um general de exército!

Bom; não sei se ele quis se referir somente aos nossos generais ou ao conjunto dos militares das Forças Armadas. Meu neto ouviu, e não acreditou! Nem eu! Tornei a ouvir a gravação e era verdade! Disse ao meu neto, assim meio sem jeito, envergonhado mesmo, que eu, assim como a grande maioria dos nossos militares, do general ao mais recruta dos nossos soldados, que nós não somos frouxos não! E se os nossos comandantes não tomaram uma atitude para rebater tal afirmação, dá realmente a impressão que eles são realmente frouxos...

Sabe-se muito bem que determinadas classes de trabalhadores conseguem o que querem e quando querem; é só entrar em greve! Carteiros, bancários, motoristas de ônibus, de metrôs; trens da Central e até mesmo essas meninas “desonestas” que ficam por aí, balançando suas bolsinhas... 

Já outras classes, não e nunca! - Por exemplo: os professores. Principalmente as nossas sofridas e queridíssimas “professorinhas”. Essas podem passar meses e mais meses em greve que ninguém liga; só os desesperados pais preocupados com o futuro dos filhos... -- E os sofridos, mal pagos, deserdados, sacaneados, mas sempre obedientes e disciplinados militares -- por que não entram também em greve? – Mas, porra! -- alguém pode argumentar. -- Vocês vivem em greve! – Vocês passam a vida toda em greve! -- O que é que vocês fazem dentro desses enormes quartéis, atravancando o trânsito nas grandes cidades? -- O que é que vocês fazem dentro desses charmosos fortes, Copacabana, Urca, ou bronzeando-se junto às mais belas morenas nas praias ensolaradas, em vários outros fortes, ao longo do imenso litoral brasileiro? Ou pilotando esses velhos aviões supersônicos, quebrando as vidraças do STF, acordando seus dorminhocos juízes sem juízos? Ou dentro desses vagarosos submarinos? Desses obsoletos tanques de guerra?  Vocês não fazem nada mesmo a não ser estudar, estudar e estudar; marchar, marchar, marchar e fazer bolourados planos de guerra contra os nossos eternos inimigos, os argentinos. Só mesmo quando acontece alguma dessas cíclicas e esperadas enchentes; quando acontecem essas dolorosas tragédias aéreas que estão se repetindo assustadoramente; ou quando entram em guerras (guerras? – que guerras? -- o Brasil nunca entra em guerra; só os “americanos”...) é que vocês decidem fazer alguma coisa... -- Pra que então manter essa ruma de generais, coronéis, sargentos, cabos, soldados, taifeiros?... -- Pois é; é somente nessas horas que nós somos lembrados. Para meter um pouco de ordem no Brasil, como em 64...

A única classe de militares que realmente preocupa quando “entram em greve” é a dos controladores de vôo. Essa quando vem, vem lascando o cano... -- Basta um dia parado para que se estabeleça o caos em todas as aerovias. Caos total. Caos no Brasil inteiro. Se fossem controladores civis conseguiriam tudo, na mesma hora! Mas, em sendo militares, o que conseguem é levar muita porrada, cadeia, pau nas costas, pau na moleira, pau na mulher, nos filhos, nos avós, para não dizer pau na puta que o pariu!...

Porra, agora sou eu quem pergunta, do alto da minha tribuna: -- Só nos resta então aceitar tudo caladinhos? – Caladinhos, humilhados, ofendidos, de calças na mão, esperando a naba chegar?

 É por essa e outras que estão chamando os nossos generais de frouxos e por tabela todos nós das Forças Armadas. -- Arre égua!... Nem no Iraque...

Coronel Maciel.