Agora que tudo está
perdido; agora que vamos ter mesmo que aturar dona
Dilma por mais quatro anos; e depois mais quatro e mais quatro de Lula novamente;
agora que fiquei sabendo que o “Eduardo Cunha” não vê espaço para pedido de
impeachment da presidente e que não concorda com esse tipo de questionamento, dizendo
que dona Dilma foi “legitimamente”
eleita e tal e coisa e coisa e tal, é
que resolvi lhes contar este fato acontecido já há algum tempo, mas que só eu e
somente eu fiquei sabendo.
Foi assim: pouco antes de
ser enviado para o presídio da Papuda, Zé Dirceu pediu um particular com dona
Dilma. Como vocês todos sabem, os dois não mais se amam, nem se dão bem ultimamente. A conversa foi começando assim: -- Oi, Zé! --
ouvi dizer que você anda querendo me apunhalar pelas costas; que estás querendo
mesmo me levar contigo pra Papuda. -- É verdade mesmo, Zé? – Olha que eu sou e
estou completamente inocente nesse caso do mensalão. -- Mas também, Estela ,
aqui pra nós, você está irreconhecível. -- Que negócio é esse de ficar tão
calada, vendo a gente sendo massacrado no STF? -- O Fidel e o Lula andam putos
da vida com você.
Primeiro que tudo Zé, o
meu cargo exige respeito! Nada de ficar me tratando com codinomes. Não me faças
lembrar coisas que eu luto tanto pra esquecer. Eu estou adorando ser
presidenta. E não vejo nenhum Zé na minha frente capaz de me tirar daqui: nem o
Zé do pó, nem Zé da serra, nem Zé ninguém nenhum! Tão cedo nenhum Zé vai me
tirar daqui. Só outra revolução!
– Pera aí! -- Devagar
com o andor! Você pode até se considerar
presidente, mas presidentes mesmo “nesta porra” continuam sendo eu e o Lula! --
Deixa de conversa, Zé. -- O Lula já era! -- E vou te dizer mais: vou me juntar
cada vez mais com esses generais! Na hora do aperto é só neles que a gente pode
confiar: na força dos seus canhões! E tem mais, Zé: esses generais que você
chama de milicos, não são o que você pensa, não. Eles são gente! E gente muito
mais gente do que todos nós reunidos.
A conversa foi
engrossando, engrossando chegando aos “píncaros” de questionamentos
filosóficos: -- Veja bem como são as coisas, Zé; veja o quanto eu mudei depois
que eu vi como é gostoso ser a toda poderosa presidenta Dilma Rousseff! –
Preste atenção no que te digo: eu ando tão arrependida de tudo o que nós fizemos.
Deste nosso passado tão triste, tão cheio de sangue, de ódios, de rancores.
Maltratamos tanto! Torturamos tanto! Matamos tanta gente inocente. Preste
atenção, “ex-amor”: Até mesmo Jesus Cristo, aquele que eu disse uma vez que nem
ele me impediria de chegar à presidência, pode te castigar!-- Ele é filho de
Deus! Ele é todo poderoso! Bem que ele diz para nós amarmos uns aos outros. Vê se você consegue por um pouco de sentimento
nessa tua alma tão criminosa nestes anos que vais passar na Papuda; não ter
compaixão é próprio de criminosos, Zé; é próprio do Fidel, do Hugo, do Che
Guevara; coisas de animais, de selvagens, de criminosos. – Hoje estou
arrependidíssima daqueles tempos em que a maldade desafiava minha compreensão;
daqueles tempos que me horrorizavam, mas que me seduziam. Daqueles tempos
quando eu representava toda a maldade e hipocrisia do mundo do terror contra os
nossos queridos amigos generais. Veja bem: sem eles eu não seria nunca
Presidente da República!
Mas, o que é isso, Zé?
-- Por que você está ficando assim tão pálido? -- Eu vou é-me embora dessa
porra. Mas antes quero te deixar bem
avisada: te cuida! -- Podes ter certeza absoluta que nós não estamos gostando nada do que você
anda fazendo. Eu mesmo nunca vou mudar. Não vou me deixar envolver nestes teus
sentimentos; nesses teus arrependimentos e compaixões. Não vou deixar me
seduzir. Arrependimentos não são coisas
pra guerrilheiros como eu. Sou cria do Fidel Castro, que nunca teve pena de
ninguém, e por isso continua mandando e desmandando em toda essa merda de América Latina. -- Te cuida, Estela!
E o Zé saiu correndo,
puto da vida da nada amistosa conversa com dona Dilma, no seu Palácio Encantado
do Planalto...
Coronel Maciel.
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