Economia de palitos.
Foi na época dos meus
bons tempos na minha querida Força Aérea Brasileira, quando fui acionado para decolar
“imediatamente” num Hércules C-130 do GAV-6, direto de Recife para
Florianópolis; e de lá direto para Rio Branco, no Acre, transportando um
helicóptero H1H, para executar o resgate de “duas vítimas” que estavam num
monomotor acidentado num local de tão difícil acesso que todos os esforços com
os recursos locais se mostraram insuficientes.
A aeronave acidentada
estava regressando dos Estados Unidos, onde fora adquirida por um rico
fazendeiro residente no interior de São Paulo; o acidente ocorrera há uns
quatro dias. Fui como "observador curioso" observar o resgate feito
pelo H1H. O piloto acidentado era um
jovem instrutor de voo de Aeroclube, com pouquíssima experiência de voo, e que
nunca havia sobrevoado a densa floresta Amazônica. Era a primeira vez que fazia uma viagem tão
longa e tão difícil. Os dois estavam por demais abatidos, física e moralmente.
Mas também, pudera: depois de passar quatro longos dias e noites sendo
ameaçados por cobras, urubus, onças e jacarés; levando ferroadas de bilhões de
mosquitos que os atacavam em voos de esquadrilhas por todos os ângulos, buracos
e lados; um verdadeiro inferno.
A primeira coisa que o
rico fazendeiros fez ao chegar são e salvo em Rio Branco, foi correr ao bar do
aeroporto e pedir uma garrafa de uísque, dos bons, servindo-se de generosas
doses, e perguntando-me se eu também queria saborear algumas, mas disse-lhe,
brincando (na realidade eu estava também “doido” para me servir de algumas) que
“quando eu ia pilotar, não bebia”... Todos
sãos e salvos, ficamos conversando, eu, o piloto e o fazendeiro. O piloto,
coitado, muito novinho, procurava se desculpar de suas “falhas operacionais”,
enquanto era severamente criticado pelo fazendeiro, que o acusava de ser um
despreparado e haver perdido o controle, tanto de si, como da aeronave, novinha
em folha; zero KM, que ficou atolada no brejo.
Eu só fazia ouvir; mas aos poucos fui ficando do
lado do acuado piloto; eles haviam ressuscitado dos infernos.
Após o quê, me posicionei do lado do piloto,
este sempre na defensiva dos ataques do fazendeiro, que era, além de muito
rico, muito arrogante e autoritário. Disse-lhe, procurando aliviar a tensão,
que ele se comportara como certas mulheres que erram na escolha do marido, mas
acertam na escolha do amante:-- quanto mais musculoso, grosso, burro, mas
bonitão, melhor... Despedimo-nos e decolei de volta para “Floripa” e Recife.
Parece que coisa
semelhante, uma verdadeira metáfora aérea, aconteceu com o avião da “LaMia”:-
Em vez de contratarem um avião maior, melhor e logicamente mais caro, mas
voando direto de São Paulo para Medellín, não!
Parece até que os dirigentes do time da Chapecó, pressionados pela “Conmebol”,
esta sempre muito “interessada” nos voos da “LaMia”, preferiram fazer uma “economia
de palitos”...
Coronel Maciel.
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