Ditosos
palavrões!
Nada melhor que um bom
palavrão, aplicado na hora certa, “cirúrgico”, para baixar nossas pressões! Duas
ou três palavras de baixo calão servem para dizer tudo o que merece e que
precisa ser dito! -- Raivas, prazeres, gozos, medo, paixões, tudo, minha gente!
Escritores famosos; nacionais, internacionais; “expoentes” de Academias de
Letras, como o nosso bom baiano, o João Ubaldo Ribeiro. Leiam o seu “A Casa dos
Budas Ditosos” pra vocês gozarem de suas delícias! Florearam seus livros os
mais belos e ditosos palavrões! Claro que há aqueles que foram educados em “boas
famílias”, e que educam seus filhos a não usarem palavrões. A esses, meus sinceros
“parabéns”! Nada melhor também para aliviar nossas dores, que lágrimas!
Lágrimas que rolam pelas faces, levando nossas dores.
Papas, Bispos, Cardeais!
Pastores evangélicos! Madres superioras, também dizem seus ditosos palavrões!
Meninas que estudam nos melhores de colégios de freiras; meninas de Escolas
Domésticas. “Meninas desonestas”, que rodam suas bolsinhas em busca de “pecadores”;
todos e todas naquela hora “H”; na hora dos amores, dos ciúmes, das queixas,
das raivas, dos gozos, soltam suas línguas! Cadetes, coronéis, generais, “embaixadores”,
todos, até na hora da morte, soltam seus eternos palavrões, amém!
Na primeira vez que fui
me confessar -- isso naqueles velhos tempos, quando eu era ainda inocente
criancinha, fiz um “rol” dos meus pecados, tanto os veniais, como os “mortais”,
todos eles, para sussurrar, temeroso, nos ouvidos do padre. -- Todos, coronel?
-- Nem todos, nem todos. Não teria nunca
coragem de dizer que eu já estava cheio das impurezas daqueles prazeres
solitários.
Terminada a penitência
-- nem me lembro mais de quantas infinitas Ave-Marias; quantos “Creio em Deus
padre todo poderoso”, fui obrigado a rezar, para que meus pecados fossem todos perdoados
-- e sem saber se era mesmo o padre, ou o meu arrependimento que me salvaria
das eternas “labaredas sulfúreas dos infernos” -- voltei pra minha redinha, lá
em casa, na minha doce cidade morena, Belém do Pará, um tanto quanto apavorado,
pois o padre me dizia que se pecava até por pensamentos. -- Nossa! Eu me sentia
nos infernos...
A minha “primeira
comunhão”, foi logo no dia seguinte: --
Vestido todo de branco, vela acesa na mão, um verdadeiro anjo! -- Até lá, até
chegar a hora da “Hóstia Consagrada”, nada de pecar. Nem “pensar”! -- Mas como
evitar os “maus pensamentos” que naqueles tempos já perseguiam minha santa e
pacata inocência? Chegando em casa, fui
logo me deitar. Nada de ir brincar na rua, lugar onde se aprende os maiores
palavrões! Fui logo me deitar cheio de pudores, com medo até de sonhar! Sonhar
com tantas “imundícies” ...
Eu era muito criança,
confesso a todos vocês; mas uma criança não tão inocente assim, como vocês erradamente
devem estar pensando, porquanto eu era muito, muito perseguido, satanicamente
perseguido por tantos maus pensamentos.
Perdi minha santa
inocência por causa da Marta Rocha, com aquelas suas lindas duas polegadas a mais,
por demais sensuais e provocativas, num mal comportado maiô, posando nas capas
das revistas da época.
Quanta diferença dos
dias de hoje. Hoje eu não peco mais...
Coronel Maciel.
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