“Sem Conflitos de
Cabine”.
As “Bruxas” andam
voando soltas por aí, fazendo as maiores barbaridades! Na Colômbia, em Manaus, no
Paquistão, no mundo inteiro, até mesmo na “Rinha” do “Supremo”, onde dona
Carmen Lúcia -- e digo isto com o maior respeito do mundo: -- tão feia ou até
mais feia que seu querido poeta comunista, o recém falecido Ferreira Gullar -- dona
Carmen acaba de transformar o Renan, num “Salvador da Pátria”! Sem ele, estaríamos
“perdidos” e mal pagos! Mas, quem sou para julgar os nossos maiores julgadores!
“Não vá o sapateiro além dos sapatos”.
Volto então ao meu
velho tema preferido. Hoje vou lhes contar como foi meu último pouso na minha
longa vida de piloto! Depois de voar mais de trinta anos nos aviões da minha
querida Força Aérea Brasileira, sem nunca ter arranhado nenhum deles, fui voar,
já na minha Santa Reserva Remunerada, num “Bandeirante” da “Força Aérea Civil”.
O meu maior vício; o maior entre tantos
muitos outros, sempre foi o de voar! E faria tudo de novo, se possível fosse,
meu amor...
Decolava todos os dias
de Natal para Recife, à tardinha, levando “Sedex”. O voo nessa etapa era
tranquilo. Mas no dia seguinte, de volta para Natal, a coisa era outra, pois o
coitado do “Bandeirante”, e diga-se de passagem um avião “Macho Mesmo”, vinha
abarrotado de todo tipo de carga, sofrendo mais que esses jumentos que passam a
vida inteira, até seus últimos minutos, “levando porrada” pelas ruas de Natal. Primeiro
entrávamos, sabendo que era impossível, depois de tanta carga, e carga
desamarrada, sair. E no caso de um pouso de emergência, sabíamos que era certo
morrer mais amassados que “o pão que o diabo amassou”. Mesmo assim, e não sei como
explicar, acho que muito “vício”, ou mesmo muita burrice, continuava “arriscando”
durante anos e anos. Era um voo “muito mais arriscado” que voar de “Asa Delta”
ou mesmo de “Ultra Leve” ...
Foi quando, num belo um
dia, voando com um copiloto que “vivia” me pedindo para fazer um voo no “Bandeirante”,
pois ele só voava como copiloto no “Karavan”, resolvi levá-lo. Não deu outra;
aconteceu a famosa “Lei de Brook” que reza:-- Em aviação, se alguma coisa
errada estiver para acontecer, essa coisa vai acontecer mais cedo do que se
imagina! Pois bem; em cima de João Pessoa, debaixo de pesada chuva e brilhantes
raios, uma das turbinas pegou fogo. E não adiantava nada eu pedir para o meu “copila”
me ajudar, procurando o “problema de descida em JP”, pois ele logo “desmaiou”, “pálido
de espanto”, como nos versos do “Bilac”, dizendo que ia morrer. Mas, ajudado
pelo meu anjo da guarda, o meu Santo Agostinho protetor, fiz “de cabeça” a
descida por instrumentos em João Pessoa, como se estivesse fazendo em Natal, como
estava acostumado a fazer. Quando vi a pista, linda na minha frente, eu mesmo
baixei o trem e flap, e fiz meu último pouso na vida. Após o quê, o meu pálido “copila”
me disse:-- Comandante, o senhor devia me dar umas porradas... Mas, em vez de
porradas, dei-lhe um longo e paternal abraço, agradecendo por ele ter me
deixado fazer tudo a meu modo, sem maiores “Conflitos de Cabine” ...
Coronel Maciel.
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