quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Meu último voo!



“Sem Conflitos de Cabine”.
As “Bruxas” andam voando soltas por aí, fazendo as maiores barbaridades! Na Colômbia, em Manaus, no Paquistão, no mundo inteiro, até mesmo na “Rinha” do “Supremo”, onde dona Carmen Lúcia -- e digo isto com o maior respeito do mundo: -- tão feia ou até mais feia que seu querido poeta comunista, o recém falecido Ferreira Gullar -- dona Carmen acaba de transformar o Renan, num “Salvador da Pátria”! Sem ele, estaríamos “perdidos” e mal pagos! Mas, quem sou para julgar os nossos maiores julgadores! “Não vá o sapateiro além dos sapatos”.
Volto então ao meu velho tema preferido. Hoje vou lhes contar como foi meu último pouso na minha longa vida de piloto! Depois de voar mais de trinta anos nos aviões da minha querida Força Aérea Brasileira, sem nunca ter arranhado nenhum deles, fui voar, já na minha Santa Reserva Remunerada, num “Bandeirante” da “Força Aérea Civil”.  O meu maior vício; o maior entre tantos muitos outros, sempre foi o de voar! E faria tudo de novo, se possível fosse, meu amor...
Decolava todos os dias de Natal para Recife, à tardinha, levando “Sedex”. O voo nessa etapa era tranquilo. Mas no dia seguinte, de volta para Natal, a coisa era outra, pois o coitado do “Bandeirante”, e diga-se de passagem um avião “Macho Mesmo”, vinha abarrotado de todo tipo de carga, sofrendo mais que esses jumentos que passam a vida inteira, até seus últimos minutos, “levando porrada” pelas ruas de Natal. Primeiro entrávamos, sabendo que era impossível, depois de tanta carga, e carga desamarrada, sair. E no caso de um pouso de emergência, sabíamos que era certo morrer mais amassados que “o pão que o diabo amassou”. Mesmo assim, e não sei como explicar, acho que muito “vício”, ou mesmo muita burrice, continuava “arriscando” durante anos e anos. Era um voo “muito mais arriscado” que voar de “Asa Delta” ou mesmo de “Ultra Leve” ...
Foi quando, num belo um dia, voando com um copiloto que “vivia” me pedindo para fazer um voo no “Bandeirante”, pois ele só voava como copiloto no “Karavan”, resolvi levá-lo. Não deu outra; aconteceu a famosa “Lei de Brook” que reza:-- Em aviação, se alguma coisa errada estiver para acontecer, essa coisa vai acontecer mais cedo do que se imagina! Pois bem; em cima de João Pessoa, debaixo de pesada chuva e brilhantes raios, uma das turbinas pegou fogo. E não adiantava nada eu pedir para o meu “copila” me ajudar, procurando o “problema de descida em JP”, pois ele logo “desmaiou”, “pálido de espanto”, como nos versos do “Bilac”, dizendo que ia morrer. Mas, ajudado pelo meu anjo da guarda, o meu Santo Agostinho protetor, fiz “de cabeça” a descida por instrumentos em João Pessoa, como se estivesse fazendo em Natal, como estava acostumado a fazer. Quando vi a pista, linda na minha frente, eu mesmo baixei o trem e flap, e fiz meu último pouso na vida. Após o quê, o meu pálido “copila” me disse:-- Comandante, o senhor devia me dar umas porradas... Mas, em vez de porradas, dei-lhe um longo e paternal abraço, agradecendo por ele ter me deixado fazer tudo a meu modo, sem maiores “Conflitos de Cabine” ...
Coronel Maciel.
   
    

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