Tenente “Fura-Bolo”!
“Sobrevoando” -- deitado
em minha rede, velha, branca, macia e carinhosa, esta “caverna” que virou o Brasil,
um Brasil que não consigo mais compreender -- volto a sonhar com aqueles tempos
de outrora, quando podíamos viver sem medo de ser assaltado e morto, tanto nas
ruas, como dentro de casa, é que torno a relembrar meus tempos de Tenente, sob
a batuta do Brigadeiro Camarão. Era um sábado de uma fria manhã de junho,
quando decolamos, eu e o Tenente Tomé, num Beech-Mata-Sete; mas tivemos que
voltar logo após a decolagem, monomotor. A nossa missão seria a de transportar
um casal de professores franceses, que nos aguardavam em “Congonhas”. Ora,
estava tudo programado para a Conferência, no cinema da EPCAR, prevista para
começar às 14 horas, para os professores, alunos, e “autoridades” da cidade. O
Camarão “pensou” naquela que seria a sua única alternativa: Me chamou para um
particular, e disse: “Fura-Bolo”, era assim que ele, carinhosamente, me chamava;
me pegue o Regente e me traga eles aqui. Ora, “o Regente”, vocês sabem muito
bem quem ele era. Só lhe fiz uma única pergunta: -- Mensagem à Garcia,
Brigadeiro? E ele sorrindo, com aqueles seus cabelos brancos, confirmou. Seria
uma missão impossível para “qualquer um”, mas não para um Tenente “Fura-Bolo”,
como esse “Degas aqui” rsrsr. Fui e voltei, mas, porém, contudo, todavia,
descumprindo todas as Regras de Voo possíveis e imagináveis; eu disse “Todas”!
Ao chegar, o Camarão, sorrindo, satisfeito, me deu aquele aperto de mão, tipo “quebra
dedos”; foi quando eu lhe disse: Brigadeiro, vem bronca por aí. E ele: -- Deixe
comigo, Fura-Bolo; não se preocupe!
Coronel Maciel.
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