quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Defender nossas Bases também é preciso!


Recordações... Mas antes, gostaria de perguntar aos meus “amados ouvintes”:- - O Maranhão é o retrato do Brasil; ou o Brasil é o retrato do Maranhão?

A imensa floresta lá embaixo; imenso mar-verde; milhões e milhões de árvores enormes espalhando sombras para bilhões de insetos e animais silvestres, dificultando a nossa navegação.  Alguns rios, riachos, igarapés constantes nas cartas de navegação aérea WAC estavam também encobertos pelas sombras das imensas castanheiras. O que seria de nós, pálidos navegantes dos prados do luar,  se fossemos obrigados a um pouso forçado naquele verdadeiro inferno verde? Nem pensar.

Naqueles tempos, tempos da aviação romântica, aviação de arco e flecha, sem o auxílio desses fabulosos GPS, como era fácil os pilotos se perderem naquela imensidão. Muito mais difícil era “se achar” depois.

Estávamos indo de Manaus para Forte Príncipe da Beira, transportando uma comitiva do Exército. Em lá chegando, com o general confortavelmente sentado na cadeira do meu copiloto, ficamos sobrevoando aquele Forte, construído nos últimos anos do século XVIII. E fiquei matutando como foi possível trazer as cantarias de Belém, rios acima; os enormes  canhões de bronze; as pedras, pois naquelas margens do Rio Guaporé pedras não existem; que tarefa titânica; sem paralelo; sem a COMARA, a incansável Comissão para Construção de Aeroportos na Região Amazônica; sem os nossos possantes cargueiros Hércules C-130; enfrentando as febres equatoriais; enfrentando as arremetidas dos castelhanos. Porém nada conseguiu impedir que brasileiros e portugueses, de mãos dadas, levassem a cabo este incrível empreendimento da história da nossa colonização.

Pousamos e fomos recebidos pelo Tenente Comandante do Pelotão. No almoço, uma grande surpresa: -- Como o Tenente havia conseguido aquelas pedras? -- Pedras que serviam de piso, num improvisado "restaurante" nas margens do Guaporé.

No almoço, fomos brindados com suculenta tartarugada. Foi quando o General começou a ficar vermelho e dominado por justificado assombro, quando o Tenente informou que havia tirado aquelas pedras "daquele Forte, ali abandonado". -- E estas tartarugas? -- Não sabe que está proibida a pesca?  

Silêncio geral e desconfortável. Tentando aliviar a situação tão embaraçada do Tenente, eu disse ao general que se nós não pegássemos as tartarugas os Bolivianos, do outro lado do rio, iriam se fartar sozinhos - - Explica, mas não justifica, capitão Maciel.  -- Vou levar este fato ao conhecimento do Presidente Figueiredo, meu colega de turma, meu amigo particular, e haveremos de restaurar este Forte; aliás, o único quadro, pintado a óleo, que existe no meu Gabinete: -- Uma ótima ideia, General, disse eu tentando aliviar as tensões, mas meio desconfiado e temeroso de levar também uma boa “mijada”.

No dia seguinte decolamos para visitar outros Pelotões de Fronteiras. Durante o voo fiquei imaginando como é dura a vida naqueles longínquos Pelotões de Fronteiras.

Coronel Maciel.

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