Chega! – Eu não quero
mais saber se estão querendo destruir a minha querida Força Aérea Brasileira, e
ninguém faz nem diz nada; se estão querendo dar ou vender nossas Bases Aéreas;
a nossa querida Base Aérea das Afonso e outras por aí, pra mim chega! – Não
quero mais saber se dona Dilma é falsa; que ela é falsa até os americanos
sabem! Sabidinha eu sei que ela é. Não só de roubos, de terror, de assassinatos
ela e sua corriola conseguem sobreviver. Vivem, isto sim! e muito mais em razão dos votos da nossa eterna
meninice; da nossa eterna burrice; do
nosso eterno analfabetismo. Cansei de dar “murros em ponta de faca”. Estou velho; estou cansado; estou com 73.
Agora, se os mais jovens; os “mais novinhos”,
os mais bem ou mal preparados para assumirem o controle do nosso avião Brasil
verde-amarelo resolveram cruzar os braços e deixar “como está pra ver como é
que fica”, isso é com eles. Mas aguentem as pontas quando seus filhos, seus
netos indagarem; eles, os seus filhos e netos; eles, os mais inflexíveis, inexoráveis
e incorruptíveis dos nossos julgadores, indagarem: -- Mas que país é este que
vocês nos deixaram?
Eu, e talvez alguns dos
nossos “mais antigos”, dos mais humilhados e ofendidos, vou viver só de recordações;
dos meus velhos tempos sobrevoando o imenso inferno verde; a minha imensa,
infindável floresta Amazônica! Quando o Brasil era mais Brasil! Quando éramos
felizes, e não sabíamos.
Recordando... Uma vez
tivemos que pernoitar em “Gorotire”, uma tribo de índios situada nas margens do
rio Fresco, um dos afluentes do majestoso Xingu. É lá que fica a aldeia dos
Caiapós, aqueles de "beiços de pau". Começam bem cedo furando os
lábios inferiores e, à medida que vão envelhecendo, vão aumentando o diâmetro
da bolacha de pau, ficando com aqueles beiços enormes. Entre nós, os que se
dizem civilizados, a coisa está ficando diferente; homens e mulheres estão
abrindo buracos pelo corpo inteiro, nos lugares mais secretos, distantes e
remotos.
Decolamos bem cedo de
Gorotire para a aldeia dos índios Kubenkrankein, ou Kuben-kran-ken. Era manhã
de um dia chuvoso, com nuvens baixas, as famosas e perigosas "barbas de
bode", terror dos pilotos; são nuvens que costumam se enamorar das
majestosas árvores, num longo abraço, iludindo os pilotos menos experientes que
se aventuram a voar naquela Amazônia ainda virgem e desconhecida.
Perder-se na Amazônia é
muito fácil; difícil é se achar depois; a tendência para quem se perde naquela
região é perder-se cada vez mais, e ficar cada vez mais com gosto de merda na
boca. Hoje, não! -- Estou falando daqueles velhos tempos dos C-47; da aviação
romântica; aviação do “arco e flecha”. -- Na hora estimada da chegada, nada de
avistarmos a aldeia dos Kubens. Abrimos para um "quadrado crescente",
técnica usada para quem está perdido, naquele ondulado “Inferno Verde”. Hoje
não; hoje os pilotos não se perdem “nunca mais”, com a ajuda dos fabulosos GPS.
Lá pela quarta perna avistamos fumaças, parecidas com as de uma enorme
fogueira. Era a “Cachoeira da Fumaça”, onde se “escondia” a aldeia daqueles
índios ainda muito arredios, que nos olhavam de longe, temerosos e ameaçadores.
A fumaça nada mais era que respingos de água da enorme queda da cachoeira,
respingos que subiam aos céus, como se fora um farol para orientação dos nossos
bravos pilotos.
Pousamos numa pista que
mais parecia uma estrada de boi e fomos recebidos com hurras, gritos e pulos
dos índios e muito choro das mulheres. Meu copila, novinho naquelas plagas,
quase chora também; mas de medo! Expliquei-lhe, conhecedor que era daqueles
costumes indígenas, que o choro nada mais era que uma demonstração de alegria
pela volta dos entes queridos, regressando de tratamentos de saúde em Belém,
Santarém, Manaus. Era sinal de que tudo estava bem, naquela aldeia solitária,
cercada de milhares de araras azuis, papagaios, macacos, cachorros magros. Os
“hurros” dos homens eram demonstrações de força, como acontece com os “hurros”
dos canhões nas guerras entre os Exércitos dos homens ditos “civilizados”.
Velhos tempos que não
voltam mais.
Coronel Maciel.
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