Eu hoje acordei ouvindo
uma voz já bem distante que me dizia: embriague-se, velho e desolado corona!
Será que era a voz do sempre embriagado e sempre amigo Charles Baudelaire? – E
ele me dizia: - - Embriague-se! – Embriague-se sempre, se não quiseres sentir o
peso do tempo que te pesa, que te esmaga! Embriague-se com vinho, com poesia,
com virtudes, como queiras! E quando nas escadarias de um palácio, ou nas
bordas verdejantes de um vale, ou na desolada solidão de um quarto despertares
e sentires que a embriaguez se dissipou, pergunta então que horas são ao vento;
que horas são às ondas dos mares; às estrelas que passam ligeiras; a um pássaro
que voa; a tudo o que suspira, ou se move, ou canta, ou baila... E o vento, a
onda, a estrela, o pássaro te responderão:- - É hora de embriagar-se!
Embriaguem-se todos, se
não quiserem ser escravos martirizados do tempo! Embriaguem-se sem cessar! Com
vinho, com poesia, com virtudes! Com o que quiserem...
Por isso que agora vou
pegar minha viola, vou cantar noutro lugar, ouvindo as ondas dos mares da minha
linda praia de Redinha, pertinho aqui de Natal...
Um adeus; até breve...
Coronel Maciel.
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