Há males que vêm pra
bem, é o que sempre dizia minha querida vovozinha, lá em Belém do Pará, minha
doce, quente e úmida cidade morena! Minha vó ia todos os dias, de manhã bem
cedinho, rezar suas missas lá na “Capelinha de Lurdes”, pertinho da casinha
branca onde morávamos. Eu e mais oito irmãos e irmãs. Na rua de terra batida
que era a Rua Dom Romualdo de Seixas, com seus postes plantados no meio da rua;
onde empinávamos papagaios “guinadores”; onde jogávamos petecas, pegávamos pião
na unha, jogávamos peladas no meio da rua e onde verdadeiramente vivíamos “na minha infância querida, que os anos não
trazem mais...”.
Eu nunca gostei de ir
às missas, embora já tenha sido até “coroinha”, danado coroinha, que sabia de
cor e salteado aquelas misteriosas frases e rezas em latim. Minha vó queria que
eu fosse padre! Pensem...
Felizmente acabei me
tornado um verdadeiro “ás da aviação”! Foram milhares de horas voando em
perigosas acrobacias, tiros e bombardeios, embaixo de nuvens, ou voando pertinho
dos anjos, das anjas, dos santos e santas dos céus, divinos lugares onde, quem
sabe? -- minha vó e minha querida mãezinha estejam agora gozando de suas
delícias e rezando por mim, por vocês, por todos nós.
Há males que vêm pra
bem... É o caso dessa famigerada Copa do
Mundo. Copa do Mundo de obras inacabadas, onde rola a bola quadrada da mais
completa desordem; da eterna roubalheira; onde tanto do nosso dinheirinho está sendo
desviado para o fundo das redes dos bolsos dos cartolões da FIFA e do nosso futebol.
Males que vêm pra bem! Males que haverão de mostrar ao mundo esse
verdadeiro inferno que se transformou o Brasil, um Brasil hoje tão diferente
daquele “céu” que era o Brasil, o Brasil daqueles tempos quando éramos felizes
e não sabíamos...
Coronel Maciel.
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