segunda-feira, 5 de maio de 2014

O Fio da Navalha.

 

Digo para o meu barbeiro:- - Barbeiro, a morte castiga tanto aqueles que só praticam coisas boas, como castiga os que só praticam coisas más durante a vida; como esses seus políticos do PT -- digo só “pra chatear”, sabendo que ele é petista doente -- Você pensa assim porque não acredita na vida eterna; os bons, vão para o céu; os maus -- e fica me olhando com ares de censura – vão todos para inferno!

E fico então pensando, enquanto ele vai cortando os meus cabelos brancos:- - como é difícil “lutar” contra pessoas “tão racionais”, tão cheias de razões, tão cheias de Deus, de moral; e, a meu ver, tão cheias de ilusões. E ele prossegue, me vendo assim tão calado e pensativo: -- Felizes os que têm um Deus, uma Bíblia, uma crença qualquer para viver, para nos salvar! Infelizes são os que, como você, que não acreditam em nada! Para você, morreu, tudo acabou: mais nada! Tenho muita pena de você, meu velho amigo coronel, tão descrente de tudo; que não acredita nem em discos voadores, logo você que já voou tanto por aí, mas vive dizendo que nunca viu essas tantas coisas que andam vagando às noites  por  aí, para todo mundo “vê”; só você não enxerga! -- Você frequenta alguma Igreja? Acredita em quê, afinal?

 Na verdade, barbeiro, quantas vezes eu ligo o meu radinho de pilha, nas minhas noites de insônia, e fico olhando as estrelas nestes céus tão estrelados, e fico ouvindo esses tantos pastores, tanto os católicos, quanto os seus “protestantes”, pregando a noite inteira, e cada vez mais eu acredito menos no que eles dizem. E fico até duvidando se eles mesmos acreditam em tudo o que eles dizem. Acho que todos eles são iguais a todos nós, barbeiro! Todos nós temos as nossas dúvidas; até mesmo o Papa! Todos nós somos iguais à lua, barbeiro; todos nós temos a nossa face oculta!

Pago minha conta e saio depressa do salão. Sabe Deus o quanto é difícil enfrentar o afiado fio da navalha de um barbeiro...
Coronel Maciel.

 

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