Uma vez, era meio dia,
debaixo de um sol ardente; índios, padres, freiras, arcos, flechas, papagaios,
periquitos, cachorros magros, todos aguardavam o embarque em Uaupés, São
Gabriel da Cachoeira, alto Rio Negro, quando uma voz “ecoou”:- - Peeeeega o
veado! -- Cachorros magros, índios, saíram em disparada atrás do coitado, que,
sentindo-se perdido, voltou do meio da pista de pouso e pulou a cerca de
proteção dos tambores de combustível e, na queda, quebrou o pescoço. Consultado
o tenente médico, achamos melhor aliviar sua dor...
Fiquei na dúvida se
encerrava ali mesmo a missão daquele dia, ou se prosseguia para Jauaretê, na
“Cabeça do Cachorro”. Resolvi prosseguir, mas sem antes deixar o guarda-campo
com importantíssima missão: deixar tudo pronto para o “churrasco”. Voltamos de
tardezinha, e, nas margens daquele majestoso Uaupés, continuação do Rio Negro; vendo ao
longe o morro da “Bela Adormecida”; curtindo o cabecear dos últimos cochilos
daquela tarde que morria, saboreamos um suculento churrasco de veado, regado --
e por que não dizer? – com muita cachaça, cerveja e viola.
Após os pernoites,
antes das decolagens, éramos solicitados a escrever no “Livro de Hóspedes das
Freiras” algumas linhas, alguma coisa, uma simples mensagem; um agradecimento
qualquer. Eu sempre gostei do meu "radinho de pilha"; até hoje... Fiquei
sabendo naquele dia, pela "Voz da América", que os americanos haviam
lançado a nave espacial "Columbia". Então, aproveitando a
"deixa", e após os agradecimentos de praxe, finalizei assim minha
mensagem: -- "No mesmo dia em que a nave Columbia partiu para seu primeiro
voo orbital em volta da terra, outra nave, mais bela, mais velha e mais querida,
orbitará também e orgulhosamente os céus amazônicos, e qual gigantesco pássaro audacioso, soltará na amplidão da floresta gigantesca suas asas
prateadas, transportando cargas cheias de renovadas esperanças: cartas, bilhetinhos de amor, remédios,
jornais, antigas revistas...
E, para solenizar
aquele inesquecível momento, terminei o meu “discurso” com a seguinte
"estrofe", em rima brincalhona:
E a nave Columbia, lá
do alto, lá do céu,
Não se cansa de dizer: Oh!
Dakota, meu irmão,
Que sejas sempre fiel,
Ao capitão Maciel, e
sua tripulação.
Coronel Maciel.
Um comentário:
Grande Coruja! Sentimos a falta do senhor no PM (Portal dos Pinto Murcho). O Paulo estes dias sentiu a tua ausência e me perguntou por ande andas. Um Fraterno Abraço do Seu Co-piloto maluco Sgt Maciel.
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