Velhas Árvores.
Quando eu vejo o Papa
Francisco, rodeado de chilenos; de índios chilenos; não sei se também de militares
chilenos da época do Pinochet, todos rezando e acreditando em tudo o que o Francisco
diz: em outras vidas eternas nos céus, eu fico por aqui assim pensando: e se
ele estivesse passeando aqui no Brasil, será que estaria naquela foto, ao lado
da Lula, fazendo parte daquela turba de intelectuais e artistas? Será, meu
Deus, que eu seja o “único certo” ao não acreditar em nada do que me dizem? Que
eu seja igual à Cecília Meireles quando me diz, baixinho, que um dia estarei
mudo, “mais nada”? Não é possível que tudo termine em nada! Eu só queria que
alguma amiga ou amigo meu, nem que fosse o meu maior inimigo, jogasse um
chupado caroço de manga, caído daquelas frondosas mangueiras lá do meu Belém do
Pará, bem em cima da minha sepultura, e assim eu pudesse viver uma nova vida,
agora uma frondosa mangueira, quando então o homem, o inseto, a fera, à minha
sombra viessem se abrigar, livres de fome e de fadigas, e em meus braços
viessem se aninhar as cantigas e os amores das aves tagarelas, como nos versos
do Olavo Bilac...
Coronel Maciel.
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