“Tá vendo aquele
edifício moço/Ajudei a levantar...
Foi um tempo de aflição, era ‘quatro condução’
Duas pra ir, duas pra voltar/Hoje depois dele
pronto...
Olho pra cima e fico tonto... Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado / Tu tá aí admirado ou tá
querendo roubar...
Meu domingo tá perdido, vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber/ E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio que eu ajudei a
fazer”
Caminhando de manhã bem
cedo pelas ruas de “Capim Macio” vejo uma ruma de trabalhadores sentados no
chão em frente a um enorme, a um horrível “pirulitão” com mais de vinte andares
de altura, esperando a hora de iniciar seus trabalhos escravos. Paro e brinco com eles, recitando os versos
dessa jóia de música do Zé Ramalho... Eles riem e concordam comigo: é verdade,
mestre... -- Depois dele pronto qualquer um de nós aqui que ficar aí de
bobeira, “olhando pra cima” está arriscado a ir pra cadeia... E caem na maior
risada...
Boi só puxa carroça
porque não sabe a força que tem... A mesma coisa acontece com esses pobres
coitados, que também não sabem a força que têm... E os militares, coronel? -- Somos
“iguaizinhos” a eles: também não sabemos a força que temos...
Eu fico admirado ao ver
tantos prédios mais que luxuosíssimos sendo construídos aqui em Natal. E fico
me perguntando onde “esses caras” arranjam tanto dinheiro pra morar tão bem assim!
-- Será que todos acertaram na Mega-Sena, e só eu que não?
Muitos dos nossos,
sejam eles soldados, generais, sargento ou capitão, já estão morando em favelas,
junto aos piores bandidos...
Humilhados, ofendidos,
desprezados, derramamos nossos sangues e o melhor das nossas vidas em prol da
democracia, democracia que ajudou dona Dilma, a pior das suas inimigas, a ser
hoje a nossa mais cruel presidenta!
Deixa de ficar chorando
o leite derramado, velho corona! Vê se te mancas! -- Pega logo tua viola, vai tomar umas e
outras, e sai cantando por aí:
“Se alguém perguntar
por mim... Diz que fui por aí... Levando um violão debaixo do braço... Em
qualquer esquina eu paro... Em qualquer botequim eu entro... Se quiserem saber
se eu volto, diga que sim... Mas só depois que a saudade se afastar de mim... Mas
só depois que a saudade se afastar de mim”...
Amanhã eu volto...
kkkkkkkkkkkkkkkkk
Coronel Maciel.