quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Em mulher não se bate; se deixa...


Quantos e quantas trocam os efêmeros prazeres aqui na terra, pelos eternos prazeres nos céus? Passam suas vidas nos confessionários? Charles Baudelaire, um dos meus preferidos escritores da literatura mundial, era um feroz defensor da liberdade de costumes; ao ler “As flores do mal” percebemos logo que se trata de um livro autobiográfico; encontramos em cada uma das suas pecadoras linhas seu gosto pelos prazeres; pelos pecados; sua solidão na multidão; suas blasfêmias, paradoxos, sua impressionante lucidez (Raul Seixas aprendeu com ele?). Dizia Baudelaire: “Eu te amo, cidade maldita! As prostitutas e os perseguidos sabem proporcionar prazeres muito seus, que o vulgo jamais compreenderá!”

Por essas e outras Baudelaire foi perseguido pela extrema direita católica da França. Não conseguiu ingressar na famosíssima “Académie Française”, fundada por Richelieu, em 1635.  A nossa “Academia”, fundada pelo Machado de Assis, ficou também “famosíssima” depois que o inefável Zé Sarney, com seu “Marimbondo de Fogo”, apossou-se de uma das suas cadeiras, passando a tomar seu chá das cinco na companhia, entre outros grandes bebedores, do bom baiano João Ubaldo Ribeiro, um dos meus “imortais” preferidos. O seu “A casa dos Budas Ditosas”, que livro bom de ler! -- Budas ditosos, felizes, afortunados. Um livro cheio de pecados; mas pecados que sempre existiram e sempre existirão. Grande Ubaldo!

Se faço esse “arrodeio todo” é porque hoje, durante minhas longas caminhadas pelas ruas do meu bairro, ouvi de uma de duas “saradíssimas” garotas dizer, acompanhada da mais  gostosa gargalhada, que “amor de pica é o que fica”. -- Nada mais verdadeiro, disse-lhes eu também sorrindo, que ficaram surpresas, pois não imaginavam que sem querer eu as ouvia. Não eram daqui de Natal. Eram lindas turistas gaúchas. Acabamos conversando animadamente, enquanto caminhávamos. Eram duas amigas, como se diz, livres, ricas e desimpedidas. Conversa vai, conversa vem, chegamos ao caso do atleta amputado das pernas, lá na África do Sul. – Não sei o que houve, dizia uma delas, para esse filho da puta fazer o que fez; uma moça tão linda; só se foi muita cana, misturada com muita droga pesada; ou algum dito mal dito na hora do “vuqui-vuqui”, que fez o cara perder a cabeça. -- Eu que não queria transar, nem muito menos casar com um cara sem pernas; -- não hora H, minha filha, pernas também fazem falta, disse uma delas na maior das gargalhadas! -- O Roberto Carlos pelo menos tem uma, diziam na maior gozação.

 Meu pai sempre dizia, eu disse pra elas:- - Meu filho, em mulher não se bate, se deixa; e em homem que é homem não se bate; se mata... kkkkkkkkkkkkkkkk...

Vou ficando por aqui...

Coronel Maciel.