Quantos e quantas
trocam os efêmeros prazeres aqui na terra, pelos eternos prazeres nos céus?
Passam suas vidas nos confessionários? Charles Baudelaire, um dos meus preferidos
escritores da literatura mundial, era um feroz defensor da liberdade de
costumes; ao ler “As flores do mal” percebemos logo que se trata de um livro
autobiográfico; encontramos em cada uma das suas pecadoras linhas seu gosto
pelos prazeres; pelos pecados; sua solidão na multidão; suas blasfêmias,
paradoxos, sua impressionante lucidez (Raul Seixas aprendeu com ele?). Dizia Baudelaire:
“Eu te amo, cidade maldita! As prostitutas e os perseguidos sabem proporcionar
prazeres muito seus, que o vulgo jamais compreenderá!”
Por essas e outras
Baudelaire foi perseguido pela extrema direita católica da França. Não
conseguiu ingressar na famosíssima “Académie Française”, fundada por Richelieu,
em 1635. A nossa “Academia”, fundada
pelo Machado de Assis, ficou também “famosíssima” depois que o inefável Zé
Sarney, com seu “Marimbondo de Fogo”, apossou-se de uma das suas cadeiras,
passando a tomar seu chá das cinco na companhia, entre outros grandes bebedores,
do bom baiano João Ubaldo Ribeiro, um dos meus “imortais” preferidos. O seu “A
casa dos Budas Ditosas”, que livro bom de ler! -- Budas ditosos, felizes,
afortunados. Um livro cheio de pecados; mas pecados que sempre existiram e sempre
existirão. Grande Ubaldo!
Se faço esse “arrodeio
todo” é porque hoje, durante minhas longas caminhadas pelas ruas do meu bairro,
ouvi de uma de duas “saradíssimas” garotas dizer, acompanhada da mais gostosa gargalhada, que “amor de pica é o que
fica”. -- Nada mais verdadeiro, disse-lhes eu também sorrindo, que ficaram
surpresas, pois não imaginavam que sem querer eu as ouvia. Não eram daqui de Natal.
Eram lindas turistas gaúchas. Acabamos conversando animadamente, enquanto
caminhávamos. Eram duas amigas, como se diz, livres, ricas e desimpedidas.
Conversa vai, conversa vem, chegamos ao caso do atleta amputado das pernas, lá
na África do Sul. – Não sei o que houve, dizia uma delas, para esse filho da
puta fazer o que fez; uma moça tão linda; só se foi muita cana, misturada com muita
droga pesada; ou algum dito mal dito na hora do “vuqui-vuqui”, que fez o cara
perder a cabeça. -- Eu que não queria transar, nem muito menos casar com um
cara sem pernas; -- não hora H, minha filha, pernas também fazem falta, disse
uma delas na maior das gargalhadas! -- O Roberto Carlos pelo menos tem uma,
diziam na maior gozação.
Meu pai sempre dizia, eu disse pra elas:- - Meu
filho, em mulher não se bate, se deixa; e em homem que é homem não se bate; se
mata... kkkkkkkkkkkkkkkk...
Vou ficando por aqui...
Coronel Maciel.