“Rio Fresco”.
Quem sou eu, águia
abatida, asa quebrada, reformada, “inútil na paz e incapaz para guerras” para
ficar dando palpites em cima da compra desses jatinhos, suecos e supersônicos,
onde dizem, não sei, que houve muita sacanagem, muita mutreta, muita
roubalheira. O máximo que eu posso dizer é que, se esses bilhões de dólares que
foram cair nos bolsos dos suecos, com certeza iriam cair, como dizem que caiu,
nos bolsos do Lula, e até, segundo as más línguas, nos de alguns dos “nossos
pilotos”; não sei. Só sei que os suecos
prometem transferir, numa espécie de “osmose”, tecnologia de ponta em voos
supersônicos. Mas acho melhor ficar mesmo contando pra vocês histórias de
índios. Dos “Caiapós”, por exemplo, aqueles de enormes beiços de pau, que moram
lá em “Gorotire”, nas margens do “Rio Fresco”, afluente do majestoso Rio Xingu.
Após pernoite na aldeia, decolamos na direção de outra aldeia, a dos seus
irmãos, os Kubenkrankein, ou Kuben-kran-ken. Era manhã de um dia chuvoso, com
nuvens baixas, as famosas e perigosas "Barbas de Bode", terror dos
pilotos; são nuvens que costumam se enamorar das majestosas árvores, num longo
abraço, iludindo os pilotos menos experientes que se aventuram a voar naquela
Amazônia ainda virgem e desconhecida.
Perder-se na Amazônia,
naqueles tempos, era muito fácil; difícil mesmo era se achar. -- Hoje, não! --
Estou falando daqueles nossos velhos tempos dos C-47; da aviação romântica;
aviação do “arco e flecha”... -- Na hora estimada da chegada, nada de
avistarmos a aldeia dos Kubens. Abrimos para um "quadrado crescente",
técnica usada para quem está perdido, naquele majestoso “Inferno Verde”. Hoje
não; hoje os pilotos não se perdem mais, com a ajuda dos incríveis GPS. Lá pela
quarta perna avistamos fumaças, parecidas com as de uma enorme fogueira. Era a
“Cachoeira da Fumaça”, onde se “escondia” a aldeia daqueles índios ainda muito
arredios, que nos olhavam de longe, temerosos e ameaçadores. A fumaça nada mais
era que respingos de água da enorme queda da cachoeira, respingos que subiam
aos céus, como se fora um farol para orientação dos nossos bravos pilotos.
Pousamos numa pista que
mais parecia uma estrada de boi e fomos recebidos com hurras, gritos e pulos
dos índios e muito choro das mulheres. Meu copiloto, novinho naquelas plagas,
quase chora também; mas de medo! Expliquei-lhe, conhecedor que era daqueles
costumes indígenas, que o choro nada mais era que uma demonstração de alegria
pela volta de entes queridos, regressando de tratamentos de saúde em Belém,
Santarém, Manaus. Era sinal de que tudo estava bem, naquela aldeia solitária,
cercada de milhares de araras azuis, papagaios, macacos, cachorros magros. Os
“hurros” dos homens eram demonstrações de força, como acontece com os “hurros”
dos canhões nas guerras entre os Exércitos dos homens ditos “civilizados”. Vou
ficando por aqui; minha “autonomia” é curta... kkkkk
Coronel Maciel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário