Fui poeta, fui piloto;
sonhei e amei na vida!
Machado de Assis, o
nosso grande Machado de Assis, dizia do enorme abismo existente entre as
esperanças de uns tempos e a realidade de outros tempos!
Uma vez, quando fazia o
curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, naqueles dias frios e úmidos em Cumbica,
fui visitar o meu grande amigo Vieira de Souza, o meu colega de turma 57-39
João Baptista Vieira de Souza, o “Pi”, como carinhosamente o chamávamos, que se
preparava para entrar na VARIG. Durante a visita, eu dizia a ele que também
estava com vontade de largar tudo e ingressar na Pioneira, quando ele prontamente
me apoiou. Vários colegas de turma também tinham trocado a FAB pela VARIG. Fiz as
contas; pesei as vantagens e desvantagens; passar a vida inteira tirando serviços
de Oficial de Dia, Superior de Dia; ora, escalado para comandar paradas, outras
horas fazendo sindicâncias, continências, representações, IPM’s; voando os meus
velhos e queridos aviões; uma infinidade de cursos e cursinhos; inesperadas
transferências, enfim, mil e umas outras “coisinhas” na vida de Oficial, para
poder chegar “às estrelas”, desejo maior de muitos e muitos outros. “ Na VARIG
não tem nada disso, Maciste”: -- Aqui é só voar, voar e voar para bem distante
e sempre nos melhores, mais lindos e modernos aviões; pernoites nos melhores
hotéis do mundo; o Havaí é logo ali, e sempre ao lado das mais lindas e eficientes
louras, brancas, negras e morenas comissárias. Peguei minha viola; fui tomar
minhas caninhas; fiquei olhando o infinito céu azul, somando, diminuindo, considerando
aquilo tudo e mais algumas coisas, resolvi continuar na FAB. E me dei muito
bem, pois, respirando muito mais ares de Aviador, que de Oficial, consegui
enganar as Comissões de Promoções, chegando a Coronel, tudo por merecimento,
sempre cuidando com carinho, sem nunca ter arranhado nenhum dos meus aviões! Voltaria
a voar tudo de novo, “se possível fosse, meu amor”... kkkkk
Coronel Maciel.
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