sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Desorientação Espacial.


Não sei se alguns de vocês; aqueles mais antigos, ainda se lembram do Lobão; do Dr. Lobão; do Major Lobão, que era um médico dos nossos tempos de Cadete do Ar, lá no nosso  saudoso e hoje lendário Campo dos Afonso, quando nós servíamos de “cobaias” (no bom sentido...) para suas “experiências” na Câmara de Baixa Pressão. Não era mole...

Hoje me atrevo a falar de um assunto muito comum na aviação: a perigosa ‘”Desorientação Espacial”. É um assunto para ser tratado mais por médicos especializados em “Medicina Espacial”, do que este velhíssimo piloto hangarado.  Mas acho que posso dar alguns palpites, pois já fiz parte do negócio. Costuma ocorrer quando decolando para um voo noturno, em aeródromos próximos do mar, como em Recife, por exemplo, quando se está em condições perfeitamente visuais, com as luzes da “Veneza Brasileira” iluminando os arredores da pista e de repente entramos na “escuridão do mar”. Mais escuro ainda quando em noites de lua apagada. É perigoso neste momento abandonar o “voo por instrumentos”, e “olhar pra fora” tentando visualizar o mar, principalmente se executando curvas. Quando se volta aos instrumentos, as reações geralmente são feitas ao contrário, pois passamos “a duvidar”, a não acreditar no que nos dizem os instrumentos.

É perigoso; muito perigoso mesmo que pessoas sem os indispensáveis treinamentos “se meterem” a voar “por instrumentos”. É dar chance às bruxas. Esses homens muito ricos, riquíssimos, empresários famosos, artistas famosos, donos de “resorts” “donos de aviões”, “donos de helicópteros”, “donos do mundo” -- não só no Brasil como em qualquer parte do mundo, costumam se considerar aptos a pilotar, sem a devida capacidade técnica para fazê-lo, e acabam se dando mal.

Não sei se os senhores e senhoras já notaram que as conclusões das investigações de acidentes aeronáuticos; os “relatórios finais”, nunca são publicados com o mesmo destaque na imprensa. Passados alguns dias esses acidentes são logo esquecidos. As conclusões dessas investigações visam a prevenção, para que casos semelhantes não voltem a ocorrer, embora “voltando sempre”; as histórias se repetem. – Essas conclusões, por detectarem incríveis falhas humanas;  falhas de pilotos principalmente, são sempre tratadas muito reservadamente, e me aprece que agora serão tratadas de modo muito “confidencial”, a fim de evitar maldosas especulações; palpites os mais absurdos que só prejudicam as investigações e danos morais às vítimas e seus parentes, pois quase sempre envolvem pessoas famosas e muito dinheiro em jogo.   

Aviões, helicópteros, são meios seguros de transporte, não só de carga, como de passageiros. A fase mais difícil em toda história da aviação, tanto civil como militar, sempre foi e sempre será a fase de seleção e formação de pilotos. Os pilotos mais experientes estão “sempre” se aposentando, “hangarados”, dando lugar a outros “novinhos”, ainda carentes de certos “macetes”, que só os anos nos dão.

Quem dera podermos transferir aos nossos filhos as experiências que acumulamos na vida. São poucos os que aceitam os conselhos dos mais velhos. Preferem aprender por conta própria, dando cabeçadas por aí. E ainda costumam dizer: -- De hoje em diante não se metam mais na minha vida. -- De hoje em diante quem manda na minha vida sou eu. De hoje em diante o “pilotaço” da minha vida sou eu...
Coronel Maciel.

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