sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Era uma vez um Brigadeiro...


Era uma vez um Brigadeiro; mas Brigadeiro mesmo; dos bons, que se chamava Camarão.  Comandou uma Escola situada “entre montanhas e céu de anil”; uma Escola que “prepara para o futuro os jovens do Brasil!”.  

Certo dia ele me chamou para um particular, me “pedindo” para executar uma missão dessas tipo “impossível”. (Naquele dia o nosso “Beech Mata-Sete” que havia decolado para fazer a missão, no caso missão possível, havia regressado “monomotor”, após míseros dez minutos de voo. Os pilotos: eu e o tenente Tomé). Todos os outros “aviões” estavam indisponíveis, só restando o “Regente”, que, como vocês sabem, não chegava a ser bem um “avião” rsrsr...

Conferência importante e improrrogável. Convidados importantes da cidade, além de professores, oficiais e alunos, alunos que na época do Camarão passaram a ser chamados de “Pré-Cadetes”. O início estava marcado para duas da tarde.  

Não sei por que o Camarão sempre me escalava para essas tais missões, missões quase sempre recusadas pelos oficiais pilotos mais antigos. Ora, eu aceitava todas! pois, como vocês todos já sabem,  o meu maior vício sempre foi voar; voar, voar e voar, e, nas horas vagas, amar e tocar violão rsrs...

 O Camarão me falou assim baixinho:- --“Fura – Bolo”, era assim que ele carinhosamente me chamava; pegue o Regente e me traga “de qualquer maneira” “eles” aqui, “ordenou-me” brincando e sorrindo. “Eles”, eram três franceses recentemente chegados da França (a esposa do Camarão também era francesa; dona Sofie),  que iriam fazer a tal e intransferível conferência. O Camarão seria o tradutor; ele falava várias línguas, entre elas o grego...

 Mensagem à Garcia, Brigadeiro? -- Ele me olhou, sorriu e confirmou com um sim, com aquela sua cabeça bem branquinha.

Congonhas estava fechado para operações visuais; o Regente, vocês conhecem. Pois bem: Decolei de Barbacena e pousei em Congonhas, para surpresa e incredulidade geral dos pálidos controladores de voo. Logo apareceu  um oficial muito mais antigo que eu para me dizer o óbvio: que eu havia cometido uma grave infração às regras de voo claramente estabelecidas e tal e coisa e coisa e  tal e outros ameaçadores blá-blá- blás; e que por ordem superior eu estava impedido de decolar. Só faltou me prender!

Nessas alturas dos acontecimentos, com os franceses já a bordo do meu branco e assustado Regente, fiquei na dúvida até onde eu poderia avançar. E avancei, colocando no plano de voo “Operação Militar”!

Era o ano de 1967. A Revolução voava alto, iluminando os céus do Brasil! Pois bem e encurtando a história:- - Pousei em BQ bem em cima da hora, para enorme alegria e grata satisfação do Brigadeiro. -- Missão cumprida, Brigadeiro! -- Mas... vem "bronca" pesada por aí. Contei-lhe tudo. Ele sorrindo me despreocupou.

Não foi daquela vez que me cortaram as asas na FAB, pois o Camarão “comportou-se” como um verdadeiro “Anjo da  Guarda”!

Jamais o Camarão haveria de me deixar perdido e nas mãos das “feras” ... kkkkkk

PS:- - Será que vocês já não estão “cheios” desses meus “diários” blá-blá-blás?... rsr

Coronel Maciel.

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