domingo, 17 de março de 2019

CADERNETAS DE VOO.



Menino ainda, moreno, travesso, moleque, danado, minha vó vivia dizendo que eu era doido, além de viver empinando papagaios, jogando bola no meio rua; jogando peteca, pegando pião na unha; “brechando” meninas nuinhas tomando banho naquelas delícias de igarapés; correndo de pés descalços e braços nus; tudo isso na minha linda cidade morena “quente e úmida” Belém do Grão-Pará. Gostava também de ficar horas e horas esquecidas olhando os céus do quintal lá de casa; ficava imaginado coisas... sonhando coisas... sonhando, sonhando... São tantos os sonhos e devaneios quando somos crianças.  Naqueles velhos tempos, naqueles idos de 1950, eu ficava olhando o voo dos “Catalinas” da FAB, lá no alto, lá no céu, em voos de treinamentos, beijando as nuvens. Bem em frente de casa ficava a “reta final” para pouso no Aeroporto Internacional de “Val-de-Cans”. Os aviões da época eram os Douglas DC-3, os Curtiss C-46, os garbosos “Constelations”, das antigas companhias de aviação: -- Cruzeiro do Sul, Lóide Aéreo, NAB, PANAIR. Vez em quando chegavam aviões da PANAM, vindo dos Estados Unidos, para pousos técnicos em Belém. Chegavam de tardezinha vindos do Rio, São Paulo, Manaus, Santarém, Miami; passavam tão baixos, com seus trens e flaps baixados, quase roçando as linhas enceradas dos nossos papagaios. Já naqueles tempos os meus sonhos se resumiam em ser piloto daqueles “enormes” aviões! Não deu outra: com meus 16anos, 1957, ingressei na EPC do Ar, em Barbacena, “a cidade das rosas e do melhor clima do Brasil”, de onde “decolei” para grandes e saudosos voos nos aviões da minha querida Força Aérea Brasileira. Começaria tudo outra vez, se possível fosse, meu amor...
Coronel Maciel.

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