Lembro como se fosse
hoje...
O Coronel Lana,
Comandante do Destacamento Precursor da Escola de Aeronáutica de Pirassununga,
reuniu o seu efetivo para informar os avanços das Forças Libertadoras e dizer
do nosso apoio à Revolução Redentora de64. Ordenou àqueles que não concordassem
que saíssem de forma. Seis ou sete gatos pingados assim o fizeram; outros, os
mais sonsos, os mais perigosos, os mais falsos, preferiram se esconder entre os
que se perfilaram a favor do Brasil. Entre os comunas “mortos e feridos”
salvaram-se todos. Alguns foram cassados; outros se dizem torturados,
injustiçados. Outros, depois de dedurarem pais, irmãos, irmãs, namoradas,
amigos, companheiros, arrependidos das traições, cometeram suicídios. Há e
sempre haverá os que não acreditam nesta triste realidade, achando que tudo é
mentira, como dizem os saudosos do Herzog. Mas a grande verdade é que todos se
deram bem; todos fizeram um grande investimento e hoje, deitados na cama, estão
por aí, condecorados, paparicados, endeusados. Todos ricos. Riquíssimos. Os
mais espertos, os mais safos, os mais safados, tornaram-se presidentes! Foi
preciso que o nazismo e o comunismo terminassem para que pudéssemos entender e
compreender o que Kafka queria dizer nos seus livros, cheios de castigos
enigmáticos e culpas indecifráveis. Assim também serão precisos longos anos
para que os nossos filhos e netos possam entender o que era o Brasil antes e
depois de 64.
Coronel Maciel.
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