domingo, 26 de maio de 2019

FÉ DEMAIS OU FÉ DE MENOS?



Hoje, de manhã bem cedo, liguei  pro  Spíndola, perguntando  se ele exercia  algum tipo de fé; mesmo que fosse só um pouquinho dessa tal fé que “remove montanhas”, e ele então me respondeu: -- Coronel, não brinque  comigo; não  me venha com provocações; o senhor sabe muito bem que a minha fé é pior que a fé de uma formiga; e tem mais; eu acho que é muito mais fácil uma formiga remover montanhas, que um camelo entrar no buraco de uma agulha, quando então fui obrigado a lhe dar a maior das gargalhadas; e assim mesmo ele prossegue: só quem é capaz de remover montanhas, seu velho piloto hangarado, são essas máquinas poderosas que estão removendo todas  essas minhas  árvores centenárias,  todas  “madeiras de lei”, que circundam este meu paraíso, e que estão sendo remetidas para o “primeiro mundo”, esses países que hipocritamente estão reclamando do desmatamento aqui do meu Pará, para não dizer de toda minha querida  Amazônia, a qual logo-logo vai virar o maior dos desertos; e vocês continuam aí dentro dos seus tanques, navios e aviões sem fazer porra nenhuma, com cara de viado que viu caxinguelê, como diria o Raulzito. Desliguei o meu “uotzap”, dei partida no meu Fiatizinho, a saí por aí, no meu velho calção de banho, fazendo com toda fé que ainda me resta as minhas costumeiras blitz domingueiras, atrás de lagostas grelhadas, transando com louras geladas; quem for podre que se quebre; besta morra triste, já dizia minha querida vovozinha.
Coronel Maciel.

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