Nos meus tempos de
Cadete do Terceiro Ano, em 1962, quando aprendíamos a voar o melhor avião do
mundo, o NA-T6, havia, juntamente com o Voo Visual -- quando aprendíamos
pousos, decolagens, manobras, acrobacias e outros bichos, – havia o treinamento
de Voo por Instrumentos, que era um verdadeiro parto; era o voo “Sob Capota”, com o instrutor na
frente, e o cadete atrás, sofrendo mais que Cristo na cruz; e quando eram desligados
o “Giro e Horizonte”, ficando somente o chamado “Pau e Bola”, aí sim, o
sofrimento era pior que o fogo dos infernos; mas quando voltávamos voar com todos os instrumentos legais ligados,
era como se saíssemos do inferno e voltássemos voar no paraíso; tudo ficava muito
mais fácil. No T-6 não havia nem sombra desses instrumentos altamente sofisticados
que havia no avião da Air-France, o AF 447, que há dez anos caiu no Atlântico,
pertinho de Fernão de Noronha, matando 228. Os instrumentos de voo no T-6
funcionavam na base do “giroscópio”, aquele movimento que mantem o pião --
aquele nosso velho brinquedo de criança (em Belém, nos meus tempos de “pau e
bola”, eu pegava pião na unha) -- enquanto gira em alta velocidade, está sempre
em pé, por mais que a gente tente derrubá-lo. Não sei se esses aviões modernos
que andam caindo por aí, possuem instrumentos giroscópicos tão simples como nos
nossos T-6’s; nem sei se os “cadetes” de hoje, bem mais modernos e
sofisticados, praticam o voo somente no “pau e bola”, o que poderia muito ter
ajudado os pilotos franceses naqueles momentos
tão estressantes., que não gosto nem de pensar.
Coronel Maciel.
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