sexta-feira, 31 de maio de 2019

VOANDO NO PAU E BOLA.



Nos meus tempos de Cadete do Terceiro Ano, em 1962, quando aprendíamos a voar o melhor avião do mundo, o NA-T6, havia, juntamente com o Voo Visual -- quando aprendíamos pousos, decolagens, manobras, acrobacias e outros bichos, – havia o treinamento de Voo por Instrumentos, que era um verdadeiro parto;  era o voo “Sob Capota”, com o instrutor na frente, e o cadete atrás, sofrendo mais que Cristo na cruz; e quando eram desligados o “Giro e Horizonte”, ficando somente o chamado “Pau e Bola”, aí sim, o sofrimento era pior que o fogo dos infernos; mas quando voltávamos  voar com todos os instrumentos legais ligados, era como se saíssemos do inferno e voltássemos voar no paraíso; tudo ficava muito mais fácil. No T-6 não havia nem sombra desses instrumentos altamente sofisticados que havia no avião da Air-France, o AF 447, que há dez anos caiu no Atlântico, pertinho de Fernão de Noronha, matando 228. Os instrumentos de voo no T-6 funcionavam na base do “giroscópio”, aquele movimento que mantem o pião -- aquele nosso velho brinquedo de criança (em Belém, nos meus tempos de “pau e bola”, eu pegava pião na unha) -- enquanto gira em alta velocidade, está sempre em pé, por mais que a gente tente derrubá-lo. Não sei se esses aviões modernos que andam caindo por aí, possuem instrumentos giroscópicos tão simples como nos nossos T-6’s; nem sei se os “cadetes” de hoje, bem mais modernos e sofisticados, praticam o voo somente no “pau e bola”, o que poderia muito ter ajudado os pilotos franceses naqueles momentos  tão estressantes., que não gosto nem de pensar.
Coronel Maciel.

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