sexta-feira, 3 de maio de 2019

VELHOS TEMPOS; CHURRASCO DE VEADO.



Uma vez, e lá se vão mais de não sei quantos anos, eu, um “garboso” Capitão Aviador, de baixo de um sol equatorial de meio dia, lá em São Gabriel da Cachoeira, aguardava o embarque dos passageiros, formados por padres, freiras, freirinhas, índios, índias, médico, um monte de jornais e revistas velhas; cartinhas de amor, lembrancinhas; “Tutti quanti”, quando uma voz ecoou: -- Um veado! Pega o veado! Os cachorros magros dos índios, que também aguardavam o embarque, saíram todos em disparada atrás do coitado, que, do meio da pista de pouso, voltou, completamente perdido, pulou a cerca onde estavam guardados os tambores de combustível, e, na queda, quebrou o pescoço e morreu. Fiquei na dúvida se encerrava por ali mesmo a missão daquele dia; e, na dúvida, chamei o Guarda Campo, e dei a seguinte “Ordem de Missão”: - Deixar tudo pronto para uma “churrascada” à noite. Decolamos, fazendo a rota do Rio Uaupés, afluente do majestoso Rio Negro, até à “Cabeça do Cachorro”, limites com a Colômbia. Voltamos de tardezinha, pousamos, sem antes dar alguns fabulosos rasantes pela cidadezinha tão querida. À noite, na beira do Rio, olhando de longe a lua, enorme, nascendo por de trás do morro da “Bela Adormecida”, regado com muita cachaça e viola, traçamos o mais delicioso churrasco de veado. 
Coronel Maciel.  

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