Mais um ano que passou
na minha vida; passou e eu nem percebi. Sempre na cabine do mesmo “avião”.
Judiei muito com ele; quantos toques e arremetidas. E sempre legal comigo.
Judiei muito com ele;
com o meu sempre fiel ”avião”. Judiei com suas bombas de pressões! Com seu
fígado principalmente! Este, sim, tinha
razões de sobra para se vingar dos enormes sacrifícios a que foi submetido. O
pulmão também; maltratado pelo fumo durante mais de trinta anos. E a minha
cabeça? – Ah! – minha cabeça! Esta bem que poderia vingar-se com seu cérebro,
cérebro danado até demais! Cérebro que tantas e tantas vezes “bolou” tantas e
tantas censuráveis astúcias.
E o velho coração? Tuc-tuc-tuc... Incansável!
-- Este, sim! Este eu lhes garanto que nunca fez mal a ninguém! É bem verdade
que muitas vezes foi fraco, foi mole, foi aflito; hoje chateado, amanhã feliz;
ora medroso, ora corajoso. Mas sempre disposto a compreender os maus e a
perdoar os invejosos.
E nunca deixou de amar o canto pequenino onde
nasceu. As estrelas dos seus tempos de menino continuam a marchar comigo, em
rútilos, em inexoráveis tropéis! Sempre brilhando sobre mim quando declino,
consolando-me na reta final desta minha longa missão.
O meu velho coração
deseja a todos vocês que seus velhos ou sempre novos corações continuem batendo
forte, incansáveis e felizes no próximo ano novo!
Coronel Maciel.
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