Como vocês todos sabem,
sou paraense “da gema”. Nascido e crescido na velha “cidade velha”, pouco
depois fui morar no novo bairro do Umarizal, na travessa Dom Romualdo de Seixas,
quando ainda não era asfaltada e com seus postes de ferro no meio da rua. Era
lá que eu empinava meus lindos papagaios “guinadores”, com linhas enceradas com
“cerol de ácido pícrico”; pegava pião na unha; jogava bola na rua, com bolas de
meias de mulher; jogava petecas de aço; jogava pedra em mangueiras; eu nada
mais era que um verdadeiro “cão chupando manga”. Mas -- “Ah! que saudades que
eu tenho da aurora da minha vida...”.
Em Belém chove um dia
sim, outro também. E quando se marca um encontro, a pergunta é: "Antes ou
depois da chuva?". É uma chuva “grossa
e curta”, lágrimas das pesadas nuvens que cobrem toda Belém do Pará, e que choram
suas redondas lágrimas lá pelas duas da tarde. Chove quase todos os dias; mas
Belém nunca vira um rio, como vira o Rio de Janeiro.
O Jambu é uma erva
usada no tacacá, meus deliciosos tacacás, que deixa os lábios da gente
completamente dormentes. Dizem as mais novas, lindas e modernas meninas paraenses
que o Jambu tem poderes “afrodisíacos”; seria uma espécie de “Viagra Feminina”,
capazes de prolongar certos movimentos peristálticos “nos segredos” das
mulheres. É o que dizem as línguas más, longas e viperinas...
Peço a Deus e à milagrosa
e virgem e santa Nossa Senhora do Círio de Nazaré que mantenha todas as nossas
velhas tradições, e que nunca substituam as folhas de Jambu, por folhas de
ervas de maconha (erva maldita que vira a cabeça de mulheres e homens e que vai
virar o Uruguai de cabeça para baixo) no nosso tradicional tacacá!
Coronel Maciel.
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