Quem chegará primeiro à
Presidência da República? -- Um negro, ou uma mulher? – Esta foi a pergunta que
eu fiz ao grande mestre pernambucano Gilberto Freire. Foi assim. Estava eu de serviço de “Oficial de Operações”,
na Base Aérea de Recife, aguardando a chegada de uma aeronave que vinha de
Brasília, quando fui surpreendido com a chegada do grande mestre sociólogo pernambucano,
autor de um gigantesco livro, “Casa Grande e Senzala”, livro que li, reli e reli
várias e várias vezes. Gilberto aguardava certa autoridade que vinha de Brasília
num “Jatinho da FAB”. Apresentei-me e ficamos conversando um tempão. E foi
quando eu, muito ousadamente, lhe perguntei:- - Mestre, quem chegará primeiro à
Presidência da República: um negro, ou uma mulher?
Naqueles tempos, eu
ainda tenente-aviador, as nossas “moreninhas lindas” ainda não estavam com essa
“Força Toda”; com tanta força política; com essa “Corda Toda” rsrsr -- quando
as mulheres do Brasil estão voando em “ares nunca dantes navegados” e nem nunca
imaginados. Daí, talvez, o porquê de Gilberto me responder, um tanto surpreso
com minha pergunta, que seria um negro o primeiro brasileiro a chegar à
presidência da República.
(Gilberto errou, no
Brasil; mas acertou no Sul da África, com o negro Nelson Mandela. Errou no
Brasil: -- Dilma se diz “PresidentA”; outros dizem que não; que é cruel “GuerrilheirO”: não
é negra, nem mulher.)
Ao nos ser servido o
cafezinho, eu, já um pouco “íntimo” do nosso simpático mestre, brincando perguntei:-
- Mas, o que é ser negro no Brasil? -- Veja essa xicara de café; basta uma gota
de leite, para virar “café com leite”; mais leite, ou mais café, mestre,
questão de gosto não se discute! – Os portugueses gostavam muito de brincar com
suas “negras”; e alguns negros, quem sabe os mais “charmosos”, também ficaram
muito íntimos de suas patroas portuguesas. E foi assim que foi crescendo,
crescendo e crescendo a miscigenação no Brasil, um Brasil onde “escapou de
branco, preto é”.
Numa das suas
afirmações Gilberto me dizia que basta uma gota de sangue negro, para o cristão
ser considerado negro no Brasil. Se Hitler desconfiasse que algum dos seus
generais tivesse uma única gota de sangue judeu, que já era o bastante para
deixar de ser general, e passível até de ser cremado nas labaredas quentes do
holocausto.
Mas vamos de deixar de
conversa fiada e prestar as nossas mais justas homenagens a um dos maiores negros
do mundo, o grande Nelson Mandela!
Coronel Maciel.
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