Peguei um ITA no norte/ e vim pro Rio
morar/ adeus meu pai minha mãe/ adeus Belém do Pará.
Cada um de nós, quase
todos pra lá dos bens vividos sessenta, teve a infância que Deus nos deu. A
travessa Dom Romualdo de Seixas, ainda não asfaltada com seus postes de ferro
no meio, era a rua onde eu empinava meus lindos papagaios guinadores; onde
jogava petecas de aço; jogava pedra em mangueira, e outras “cositas más”, que
já contei pra vocês. Era uma rua como se fora uma espécie cabocla de um rude “ILS”;
ficava no prolongamento da pista principal do Aeroporto Internacional de
Val-de-Cans, um do melhores e mais bem equipado do mundo civilizado! (Minha modéstia à parte.)
Os aviões daquela minha
infância querida eram todos movidos “à piston”; naqueles bons tempos nem se
pensavam em aviões “a jato”. Os mais lindos e elegantes eram os famosos “Constelations”,
com seus “três lemes de direção”. Havia os Catalinas, os famosos DC-3, e outros
da mesma linha. De tardezinha lá vinham eles, baixos, rasantes, roncando, com
seus trens e flaps baixados, quase roçando as linhas enceradas dos meus “aviões
de papel”. Eu acho que foi daí, vendo
aqueles pássaros gigantes, que eu resolvi ser piloto! E me dei muito bem, nessa
tão feliz decisão. Começaria tudo outra vez se possível fosse, meu amor...
Fui indo, fui indo;
ingressei na EPC, em Barbacena, como aluno; depois como cadete, nos Afonsos;
aspirante-aviador em Natal; foram deixando, deixando, até chegar onde hoje
agora estou; deitado em minha rede, meu violão ao meu lado; um velho calção de
banho, olhando lá pra bem longe, até onde as paredes do céu se encontram com as
ondas azuis dos verdes mares de Natal, vendo uma esquadrilha de quatro aviões Tucanos
em voo rasante sobre a praia, depois sobrevoando o bairro onde eu moro, todos
muito barulhentos, a me lembrar daqueles meus velhos tempos, tempos “idos e
vividos”. O tempo passa ligeiro nas asas da minha imaginação...
Coronel Maciel.
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