Há momentos na vida da gente,
tinturas de momentos? -- em que sentimos uma tremenda e tão grande falta do
passado, que o que mais desejamos é tirá-lo dos nossos sonhos, dos nossos
devaneios e abraçá-lo, num longo, muito longo abraço. Abraçar tanto os amigos
que hoje estão voando com os anjos dos céus; como abraçar os que ainda estão
voando conosco aqui na terra...
Faz tanto tempo, nem me lembro
quando, sobrevoando o aparentemente calmo Rio Madeira, brincando de contornar
aqueles grandes cúmulos que sobrevoam a “floresta gigantesca”, quando recebo um
rádio do Comandante da Base Aérea de Belém cumprimentando nossa tripulação por
estarmos em pleno vôo, naquele nosso grande dia! – São essas pequeninas grandes
coisas que jamais esqueceremos.
Hoje, “velha águia hangarada”,
recordo com saudade, muita saudade mesmo, aqueles idos de 59, quando comecei a
voar no saudoso Campo dos Afonsos! Quantas saudades ao recordar aquelas
decolagens nos inesquecíveis Fokker’s T-21, logo após o almoço, a temperatura
em torno dos 40 graus, na pista 17, “a caveirosa”, desviando dos assustados
urubus, aproando as praias da Barra da Tijuca, para treinamentos na pista de
Jacarepaguá; outras vezes aproando o “Pico do Couto”, para “toques a
arremetidas” na pista Nova-Iguaçu.
Gostaria neste momento “solene e
cheio de saudades”, agradecer a todos vocês que se lembraram do nosso dia, e
prestar esta minha singela homenagem a todos aviadores; a todos os nossos
aviadores que estão agora sobrevoando as nossas florestas, os nossos rios, os
nossos furos e igarapés; e a todos os aviadores que agora estão sobrevoando as ondas
de todos os mares do mundo.
Parabéns aviadores do Brasil e do
Mundo!
Coronel Maciel.