Esse caso do
“Lewandowski” que inocentou o João Paulo Cunha, um dos reis dos “Petralhas”,
mas negou “Habeas Corpus” a um coitado de um pescador que foi condenado há um
ano e tanto de cadeia somente porque pescou 12 camarões em época de “defeso”;
defeso vocês sabem o que é, né? – E isto acontecendo num país onde estão
vendendo e comprando tudo e de tudo: usinas, empresas, jazidas, almas,
consciências...
Mas como eu ia dizendo,
este caso me fez lembrar outro caso acontecido na época da “ditadura” -- e lá
vem eu falar mal dos “ditadores” -- um caso “assaz” (assaz... rsrs)
interessante; foi assim:
Estávamos voando de
Manaus para Forte Príncipe da Beira, transportando uma comitiva do Exército. Um
General acompanhado de todo o seu Estado-Maior. Ao chegarmos, ofereci ao general a cadeira do
meu copila e ficamos sobrevoando aquela beleza de Forte, construído nos últimos
anos do século XVIII, e imaginando com os meus botões como foi possível trazer
aquelas coisas todas, todas aquelas cantarias desde Belém, rios acima; os
canhões de bronze, as pedras, pois nas margens do Rio Guaporé não há pedras; que
tarefa titânica; sem paralelo. Sem a Comara, a Comissão encarregada da
Construção de Aeroportos na Região Amazônica; sem os possantes cargueiros
Hércules C-130; enfrentando as febres equatoriais; enfrentando as arremetidas
dos castelhanos!
Mas nada, nada, nada
conseguiu impedir que brasileiros e portugueses, de mãos dadas, levassem a cabo
este incrível empreendimento da história da nossa colonização...
Pousamos e fomos
recebidos pelo Tenente Comandante do Pelotão. No almoço, vejam que grande
surpresa: -- Como foi, onde foi que o tenente havia conseguido aquelas pedras
tão preciosas? -- Pedras que estavam servindo de piso, num improvisado
"restaurante" nas margens do rio Guaporé?
Na hora do rancho, fomos
servidos com uma suculenta tartarugada; que delícia... Foi quando olhei para o general, que
gentilmente mandou que eu ficasse ao seu lado, começando a ficar vermelho
quando o tenente informou que havia tirado aquelas pedras "daquele Forte,
ali abandonado"... -- E as tartarugas? – O senhor não sabe que está
proibida a pesca de tartarugas? – Desabou sobre nós um temporal silencioso e
desconfortável... Coitado do tenente...
Tentando aliviar a situação do atencioso, mas ingênuo
comandante de pelotão, tenente ainda novinho, eu disse ao general que, se nós
não pegássemos as coitadinhas das tartarugas, os Bolivianos, do outro lado do
rio, iriam se fartar...: -- É; explica, mas não justifica... -- Vou levar este
caso ao conhecimento do general Figueiredo, meu colega de turma, meu amigo
particular, e haveremos de restaurar este Forte; aliás, ele é o único quadro,
pintado a óleo, que existe no meu Gabinete...: -- Uma ótima ideia, general,
disse eu tentando aliviar as tensões, mas já meio desconfiado e temeroso de levar
também uma boa “mijada” do, na verdade, mais amigo e conselheiro, que
“general”...
No dia seguinte
decolamos para visitar outros Pelotões de Fronteira. Durante o voo fiquei
imaginando como é dura a vida naqueles longínquos Pelotões...
Coronel Maciel.