E conversar como queria conversar o Antônio
Marcos:
“Eu hoje estou tão triste...
Eu precisava tanto
Conversar com Deus...”
Mas é muito mais
difícil conversar com dona Dilma, do que conversar com Deus... Queria lhe falar
dos nossos problemas; não só dos nossos, como dos que afligem milhões e milhões
de outros brasileirinhos também pobres e desarmados... Mas confesso que não sei
rezar. Embora tenha passado grande parte da minha vida “pertinho do céu”...
Não sigo religião
nenhuma, embora procure ler tudo o que posso sobre coisas que nunca vou
conseguir entender. Até na Bíblia já procurei abrigo. Mas, porém, contudo, tudo,
tudo em vão; inutilmente! -- O meu Deus é muito diferente e distante desses
deuses criados pelos homens; desde aqueles da mitologia grega, até esses dos
nossos dias... À medida que ia envelhecendo, menos eu ia acreditando em vidas
eternas; em outras vidas; embora sempre admirando aqueles que sempre
acreditaram; aqueles que acreditam em discos voadores, em papai Noel. Para mim,
morreu, acabou-se o que era doce... Dizem as más línguas que as religiões
criadas pelos homens visam principalmente o enriquecimento daqueles que se
dizem pastores de suas ingênuas ovelhas. A Santa e Amada Igreja Católica é uma
das mais ricas do mundo; os pastores das nossas incipientes Igrejas Pentecostais
também estão ficando cada vez mais ricos, enriquecidos pelos milagrosos
dízimos: quem não colabora, vai se queimar eternamente no fogo dos infernos...
Mas o que eu queria
mesmo conversar com dona Dilma era sobre a corrupção que está pondo em perigo o
seu governo e acabando com nossas esperanças de uma vida melhor aqui na
terra... Quanto mais pensamos que chegamos ao topo da montanha da corrupção;
quando parece não ser possível “subir mais”; não ser possível alcançar níveis
mais elevados, logo vem outra, pior, muito pior que a sua antecessora. Vocês
estão lembrados da corrupção no governo Collor; parecia que se chegara ao topo;
chegaram até a caçar o mandato do homem do “culhão roxo”... Após cada “monstruosidade”,
vem logo outra maior! É como acontece com as nossas crianças abandonadas pelas
ruas e viciadas em crack, que precisam de doses cada vez maiores! Assim também
a “corrupa” que tomou conta do Brasil! – Logo aparecem outras, mais outras,
mais outras, até que chegamos a este triste caso Cachoeira, quando ao que me parece
suas águas ameaçam inundar o Palácio Encantado da dona Dilma. -- Se ele se “emputecer”
mesmo e resolver abrir as comportas, ó dona Dilma, corra para não se afogar...
E nessas horas
perigosas é que começam as “caças às bruxas”; a caça aos militares; começam a
amedrontar o povo com a possível volta dos generais, como em 64. (felizmente
militares nunca mais...). -- Ora, dona Dilma, desde os tempos de Cabral (não
estou falando desde Cabral, corrupto governador do Rio) que a corrupção impera
no Brasil. Os portugueses fizeram o que fizeram como o ouro e diamantes das
Minas Gerais. Hoje eles estão com as calças nas mãos...
-- E na época da “ditadura”,
coronel, não havia corrupção? -- Havia, sim, dona Dilma. Mas, como a senhora
mesmo sabe, os generais entraram pobres e saíram pobres do governo; alguns
civis, os mais malandros, é que se aproveitaram e enriqueceram muito. Não vou
agora tentar reescrever a história da corrupção no Brasil; mas só para citar
alguns “bons” exemplos: o Zé Sarney; o Maluf; o Ademar... de quem a senhora “apossou-se”
de alguns milhões dos seus verdejantes dólares... Pelo menos é o que andam dizendo
por aí...
Em minha duvidosa
opinião, dona Dilma, nós, os militares da velha guarda, fomos fracos. Não
soubemos defender nossos tesouros, heranças dos nossos filhos, ao entregarmos o
ouro aos bandidos. E os bandidos a senhora sabe muito bem quem são...
Coronel Maciel.