Decolamos de “Cucuí”, um pedacinho do Brasil situado lá longe;
lá nos confins do mundo do meu Estadão do Amazonas; é lá onde se situa um dos muitos
“Pelotões de Fronteira”, na defesa dos limites do Norte do Brasil., rumo à
Maturacá, no pé do “Pico da Neblina”, o mais alto do Brasil, que naqueles
velhos tempos ninguém sabia direito se ficava no Brasil ou na Venezuela.
Subimos para o “topo” das pesadas nuvens; “por baixo”, só mesmo o voo dos passarinhos.
Daqui a pouco avistamos somente o “pico do pico”, que vive sempre abraçado e de
amores com nuvens, situado a uns dez mil pés, na mesma altura que voava o nosso
corajoso C-47. Como pousar em Maturacá? De repente avistamos “um buraco” nas
nuvens, quando, sempre perigosamente, como de costume em voos pela nossa
querida Amazônia. Resolvi arriscar: - Manetes “no bolso”, trem e flap em baixo,
narigão também p’ra baixo, rumo a um costumeiro e perigoso “cisco”, quando
avistamos algo “parecido” com uma pista. Pousamos em Maturacá, onde se
“escondia” um pedaço da tribo da grande nação “Yanomamis”, Maturacá era
“comandada” por um velho padre missionário, não sei se alemão ou italiano,
completamente “rouco” e um pouco “louco’, que, acompanhado por uns dez ou doze
índios guerreiros, todos armados de
flechas e tacapes, que logo rodearam o nosso corajoso e desarmado Dakota C-47.
O nosso bom e amigo padre missionário, que não me recordo agora do nome, nos
convidou para visitar uma grande roda onde índios, acompanhados de suas
respectivas índias, todas nuas e pintadas de uma tinta vermelha da fruta de
urucu, festejavam não sei bem o quê; só sei que estavam completamente
embriagados, com uma gosma amarela escorregando pelo nariz, que logo fiquei
sabendo resultado de mastigar folha de “cocaína”. Antes de chegarmos “na
festa”, tivemos que atravessar uma ponte feita com pedaços de cipós e galhos de
árvore, bem alta e balançando por cima de um riacho, que me pareceu muito mais
perigosa que o nosso “mergulho” iluminado por relâmpagos e o ronco dos trovões!
Coisas que até Deus duvida. Com a noite se aproximando, nos despedimos do
padre, quando fiquei até com pena dele morar num lugar tão distante do
“primeiro mundo” onde nasceu, rumo à São Gabriel da Cachoeira, após o sobrevoo
de um morro, no meio do caminho, onde podemos contar sete pequenas lagoas, cheios
minérios de altíssimo valor estratégico, como o “urânio” e outros bichos. Vou
ficando por aqui.
Coronel Maciel.