segunda-feira, 23 de maio de 2022

LÁ NO PICO DA NEBLINA.

Decolamos de “Cucuí”, um pedacinho do Brasil situado lá longe; lá nos confins do mundo do meu Estadão do Amazonas; é lá onde se situa um dos muitos “Pelotões de Fronteira”, na defesa dos limites do Norte do Brasil., rumo à Maturacá, no pé do “Pico da Neblina”, o mais alto do Brasil, que naqueles velhos tempos ninguém sabia direito se ficava no Brasil ou na Venezuela. Subimos para o “topo” das pesadas nuvens; “por baixo”, só mesmo o voo dos passarinhos. Daqui a pouco avistamos somente o “pico do pico”, que vive sempre abraçado e de amores com nuvens, situado a uns dez mil pés, na mesma altura que voava o nosso corajoso C-47. Como pousar em Maturacá? De repente avistamos “um buraco” nas nuvens, quando, sempre perigosamente, como de costume em voos pela nossa querida Amazônia. Resolvi arriscar: - Manetes “no bolso”, trem e flap em baixo, narigão também p’ra baixo, rumo a um costumeiro e perigoso “cisco”, quando avistamos algo “parecido” com uma pista. Pousamos em Maturacá, onde se “escondia” um pedaço da tribo da grande nação “Yanomamis”, Maturacá era “comandada” por um velho padre missionário, não sei se alemão ou italiano, completamente “rouco” e um pouco “louco’, que, acompanhado por uns dez ou doze índios guerreiros,  todos armados de flechas e tacapes, que logo rodearam o nosso corajoso e desarmado Dakota C-47. O nosso bom e amigo padre missionário, que não me recordo agora do nome, nos convidou para visitar uma grande roda onde índios, acompanhados de suas respectivas índias, todas nuas e pintadas de uma tinta vermelha da fruta de urucu, festejavam não sei bem o quê; só sei que estavam completamente embriagados, com uma gosma amarela escorregando pelo nariz, que logo fiquei sabendo resultado de mastigar folha de “cocaína”. Antes de chegarmos “na festa”, tivemos que atravessar uma ponte feita com pedaços de cipós e galhos de árvore, bem alta e balançando por cima de um riacho, que me pareceu muito mais perigosa que o nosso “mergulho” iluminado por relâmpagos e o ronco dos trovões! Coisas que até Deus duvida. Com a noite se aproximando, nos despedimos do padre, quando fiquei até com pena dele morar num lugar tão distante do “primeiro mundo” onde nasceu, rumo à São Gabriel da Cachoeira, após o sobrevoo de um morro, no meio do caminho, onde podemos contar sete pequenas lagoas, cheios minérios de altíssimo valor estratégico, como o “urânio” e outros bichos. Vou ficando por aqui.

Coronel Maciel.

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