domingo, 26 de dezembro de 2021

JESUS CRISTO.

 

Jesus: manso e humilde de coração.

Relendo minhas velhas Cadernetas de Voo, com não sei quantas milhares de horas de voo, vejo que todas elas somadas e reunidas não representam nada, quando comparadas a uma só hora de voo daqueles nossos velhos veteranos que cumpriram missões durante a Segunda Mundial, quer voando na Europa, ou patrulhando as águas do nosso litoral, estes na caça aos submarinos alemães. Todos agraciados com merecidas medalhas e condecorações. Nem mesmo os nossos “aviadores” que foram chamados para defender o Brasil das garras dos comunistas, durante a “Salvadora de 64”, foram agraciados. Muito pelo contrário; que o diga o Coronel Ustra, que, mesmo depois morto; como tantos outros, do Soldado ao General, continuam sendo escorraçados, vilmente chamados de torturadores e assassinos. Diferente desses bandidos terroristas comunistas que voltaram e hoje estão aí, ricos, medalhados, consagrados, ocupando as melhores poltronas nesta Brasil virado no diabo. E digo isto sem medo de ser chamado de “rancoroso” ou saudosista daqueles tempos que, queiram ou não queiram os nossos detratores, éramos felizes e não sabíamos. Mas ora, me lembra minha saudosa vovozinha, se nem Jesus Cristo, manso e humilde de coração, escapou, morrendo na cruz para nos salvar.

Coronel Maciel.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

VELHOS TEMPOS.

 

Tartarugada: -- Velhos tempos.

Tudo na vida depende de sorte. Tudo! Hoje, relendo minhas velhas Cadernetas de Voo, fico sem acreditar em quantas “leãozadas” eu fiz, e quanta sorte eu tive e continuo tendo na vida. Mas, apesar de tudo, nunca, nem de leve, arranhei nenhuma das minhas muitas, variadas e belas garças que tive o prazer de voar. Todos nós, velhos pilotos “hangarados”, temos nossos casos caso p’ra contar. Escutem essa. Uma vez decolei de Carauari para Eirunepê, pequenina pérola situada nas margens do “Rio Juruá”. Estávamos em condições de “Voo por Instrumentos”, debaixo do maior “Toró”, cheio relâmpagos e trovões. Tudo ia bem. Já havíamos voado metade do caminho, quando de repente, sem “tocar preparar”, ouvimos aquele barulhão: Pápumparatipum! Acabara de voar pelos ares a cabeça um dos enormes cilindros do motor, levando consigo parte da carenagem. E fogo, muito fogo no motor. Rapidamente executamos os procedimentos de emergência previstos. Como “sói acontecer” nestas tristes ocasiões, pânico a bordo!  Passageiros correram desesperados para a parte traseira do nosso corajoso C-47, pois é lá que eles acham ser o melhor lugar para morrer.  Agora, a parte mais “engraçada’ e pitoresca do caso: o meu copila, coitado, um Segundo Tenente da reserva, novinho ainda, que, -- “pálido de espanto”, como nos versos do Olavo Bilac -- desmaiou, ao sentir o abraço apertado da “bruxa”, dizendo que íamos morrer. Ao ouvir aquele grito de morte, o nosso Sargento Mecânico apressou-se em abrir sua maletinha, e servir-se do mais generoso trago de sua inseparável caninha preferida. Quando senti aquele delicioso “bafo de cano”, olhei-o, com aquele ar de censura, quando então ele me dizia: -- Capitão Maciel, já que a gente vai morrer, né?, dando uma boa e estrondosa gargalhada, cheia de medo e esperanças! Tive que rir, e juro por “tudo quanto é mais sagrado” que também senti vontade de tomar uma boa talagada. Mas a ocasião não era pra brincadeiras. Voamos muito tempo monomotor, e como não podíamos abandonar o leito do rio, muito sinuoso, para o caso de um pouso de emergência, pois as árvores que margeavam o grande rio eram enormes castanheiras, e aquilo que seria um tempo estimado 40 minutos, acabou se transformando numa “eternidade” de duas horas; um verdadeiro “récorde” de voo monomotor na Amazônia. Chegamos em Eirunepê bem na hora do lusco-fusco, sob os olhares da multidão que nos aguardava ansiosa no pequenino “Aeroporto” daquela cidadezinha tão querida. E o mais engraçado de tudo é que, em lá chegando, fui carregado pela multidão, como um verdadeiro herói nacional! À noite, o prefeito nos ofereceu suculenta “tartarugada” e fez até um discurso em minha homenagem, pois sua   família inteira estava a bordo. Foi quando eu chamei o nosso mecânico para um particular e “ordenei-lhe” que, agora sim! -- me servisse o mais generoso copo da sua santa, gloriosa e salvadora caninha. Velho tempos. Quem escapa de um perigo ama a vida com mais intensidade!

Coronel Maciel.

domingo, 19 de dezembro de 2021

TRAVESSIA DO ATLÂNTICO! ATOL DAS ROCAS.

 

Travessia do “Atlântico”. Atol das Rocas.

Não era todo mundo que gostava de pilotar os “Super-Dakotas” C-47, na travessia daquele pedaço do Atlântico que separa Natal da Noronha, pedacinho de mar cheio dos mais gulosos e poderosos tubarões! Quando eu era Capitão Aviador, Oficial de Operações do ETA-2 Recife, eu, e o nosso saudoso Tenente-Aviador Alcântara, éramos os maiores “piruadores” das missões àquela ilha tão linda, quanto afrodisíaca! A decolagem era prevista para às duas da tarde das sextas-feiras, em apoio os nosso Destacamento e Proteção ao Voo e ao Governo da Ilha. O regresso, no sábado. Na quinta à noite os escalados davam “algumas desculpas” e lá íamos nós passar o fim de semana nas ondas verdes dos mares de Noronha; os pernoites eram ótimos e às vezes bastantes “afrodisíacos”, pois sempre aparecia alguma linda turista com um violão para nos acompanhar nas serestas ventiladas e enluaradas. Foi num desses pernoites que os pescadores nos informaram que o “Atol ” ficava logo ali, bem pertinho; distante uns 30 minutos de voo. No dia seguinte lá fomos nós visitá-lo. Decolamos; “pezinho” pra direita, coisa de uns 30 graus, e logo fomos surpreendidos por uma quantidade enorme de pássaros marinhos, que nos olhavam assustados pelo voo do nosso “gigantesco pássaro prateado”! Sobrevoamos várias vezes em voo rasante o atol, observando o desespero das tartarugas fugindo dos ataques dos tubarões, que ficavam presos no imenso lago formado no atol, quando na “maré baixa”, de olho na grande e desleal luta pela sobrevivência nos mares! Após o pouso intermediário em Natal, numa rápida inspeção “pós-voo”, fomos surpreendidos com pedaços de aves marinhas que ficaram presas no bordo de ataque das asas, lembranças do nosso sobrevoo no solitário Atol das Rocas.

“Quantas saudades da aurora das nossas vidas...”.

Coronel Maciel.

 

 

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

O TEMPO REENCONTRADO.

 

O tempo reencontrado.

Quando passei para reserva mais ou menos remunerada, continuei no maior dos meus maiores vícios: voar!  Fui voar num velhíssimo, mas experiente e corajoso “Bandeirante”. Ora transportando cartas, jornais, revistas, sedex, entre Natal/Recife/Natal; ora transportando turistas, Natal/ Noronha/Natal. A minha vida era um vidão! Um belo dia, era um sábado, dia da nossa folga, fui acionado para um voo extra: transportar sete turistas Italianos que haviam “fretado” a velha garça.  Ora, estava eu na maior folga, em plena praia, devorando lagostas, camarões e louríssimas “geladas”. E lá fui eu voar.  Na hora do embarque, uma surpresa: sete lindas mulheres, belas, todas também “fretadas”, acompanhavam os alegres italianos. Perguntei ao despachante se estava previsto o embarque das “meninas”. Ele disse que não. Mas como o avião estava mesmo fretado, e as meninas eram “cargas preciosas”, autorizei de imediato o embarque. Houve uma época na minha desregrada vida que, além de voar, eu gostava de tocar violão, e de imitar o meu velho amigo, o Frank Sinatra: “New York, New York”, “My Way”; e também outros “velhos amigos”, o Nelson Cavaquinho, o Lupicínio, e outros do mesmo naipe.  

Mas voltando ao rumo antigo. Durante a “travessia”, com o avião nivelado, voando calmamente no topo das nuvens, quando uma das meninas, ousadamente à vontade, com aquele “perfume de mulher”, veio me perguntar se poderiam fazer um “desfile” pelo corredor do Bandeirante. Ora, o corredor do Bandeirante vocês sabem o tamanhão que ele é.  Aprovei de imediato a ideia.  Beleza de desfile! Os italianos deliravam. Voavam! Passamos uma noite e tanto em Noronha. Arranjei logo um violão; “Amore, amore”, cantavam os Italianos. -- New York, New York cantávamos nós. Nunca vi tantas latinhas de cerveja na minha doce vida. No auge da brincadeira, as meninas gritavam: -- Acaba agora não, mundo bom!!! Na volta, domingo de tardezinha, voando num topo bem definido, eu mostrava às meninas o Sol se pondo lá longe, dourando as nuvens, antes que a noite transformasse aquele "ouro azul" em "carvão". Começaria tudo outra vez se possível fosse meu amor...

Coronel Maciel.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

EM BUSCA DOS TEMPOS PERDIDOS.

Os Rouxinóis do Rio Negro.

Quantas e quantas de vezes, pilotos, mecânicos, rádios telegrafistas, todos nós, tripulantes dos aviões do Primeiro Esquadrão de Transporte Aéreo sediados na inesquecível Base Aérea de Belém, pernoitamos nas antigas missões dos padres “Salesianos”, ao longo do majestoso Rio Negro! Quantas vezes, após o café da manhã, antes da partida, o “Comandante” era solicitado pela Madre Superiora a escrever alguma coisa sobre aquele pernoite; um agradecimento qualquer; uma simples mensagem; uma qualquer coisa assim. Lembro-me bem daquele dia que pernoitamos em Yauaretê, pequenina pérola quase esquecida no extremo noroeste do nosso Estadão do Amazonas, numa região conhecida como “Cabeça do Cachorro”, devido à semelhança formada pelos limites do Brasil com a Colômbia se parecer com a cabeça de um cachorro. É lá que os “Rouxinóis do Rio Negro” constroem seus ninhos; suas asas são “mais negras que as asas das graúnas”; penas douradas lhes cobrem o papo inteiro; ficam tão mansos que voam para o alto das árvores mais frondosas, para logo voltar para os braços e abraços do primeiro chamado dos seus verdadeiros donos! Os “nossos aviões” também eram assim; iguais àqueles lindos rouxinóis: -- Voavam, voavam e voavam e depois voltavam ao ninho antigo. Alguns nunca voltavam... Lembro que naquele dia, a nave americana “Columbia” decolava para mais uma missão. Foi então que eu, aproveitando a deixa, escrevi no famoso “Livro das Freiras”: “—Neste tão lindo dia em que a nave Columbia decolou para o seu segundo voo orbital no entorno da terra, uma outra nave, muito mais velha, mas muito mais querida, estará cruzando os céus amazônicos transportando em suas asas prateadas as cargas divinas da esperança! São os esperados bilhetinhos; são as cartinhas de amor; são os milagrosos remédios; são os médicos; são os dentistas; são os velhos jornais e revistas para serem distribuídas pelas comunidades ribeirinhas ao longo do Rio Negro, e deste majestoso Rio Uaupés, comunidades tão carentes das novidades das cidades grandes. E como todos nós, românticos aviadores, guardamos nas nossas maletinhas de viagem nossas veias romântico-poéticas, “solenizei” aquela despedida com os seguintes versos, puxados do fundo do meu velho baú: -- E a nave Columbia/Lá do alto, lá do céu/ Não se cansa de dizer: -- Ó Dakota, meu irmão/Que sejas sempre fiel/ Ao Capitão Maciel/E sua tripulação...” Tudo fazendo parte das sadias brincadeiras que fazíamos naqueles velhos tempos, sobrevoando a imensa, a linda, a majestosa Floresta Amazônica!

Coronel Maciel.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

REVISTA AERONÁUTICA.

Amigos meus continuam a me perguntar: -- E o livro, Coronel? -- Ora, se nem na nossa mui querida “Revista Aeronáutica”, lugar onde nem um dos meus mais de mil e novecentos artigos publicados no meu querido BLOG, apelidado de “BLOG Velha-Águia Coronel Maciel”, quase todos para lá enviados, tiveram a honra de ser publicados; quanto mais pensar em ressuscitá-los num livro? Nem pensar!  Escrevo do jeito que eu gosto: Um “tronco só”! Sem aquela de “cabeça, tronco e membros”. Quando fico triste vendo os “traíras” fazendo o que querem com o nosso tão traído “Brasil”, meus artigos se enchem dos mais “ditosos palavrões”. Escrevo sem seguir essas não sei quantas regrinhas gramaticais, que só servem para “endoidar” os coitados dos candidatos do ENEM.  Assim como fico pensando como foi que consegui chegar a “Coronel”, sempre “recorrendo e sempre ganhando”, pois sempre entrava na “Lista” por Antiguidade, nunca por Merecimento. Vou escrevendo o que me dá na “telha”, sem me preocupar com “pontos seguidos”, “parágrafos”; e tantos outros pontinhos por aí. Razão pela qual, a “mim me parece”, que os amigos da “Revista Aeronáutica” estão cheios de razões, em nunca me publicar. Nada melhor que ter um BLOG, onde podemos dizer tudo o que queremos; quando queremos; e dizendo coisas que alguns têm medo até de pensar... kkkkkk 

Coronel Maciel.

domingo, 5 de dezembro de 2021

SOBREVOANDO UM MUNDO.

 

Sobrevoando o lindo e perigoso “Inferno Verde”.

Deitado na minha velha rede branca; recordando “de longe” aqueles saudosos tempos pilotando as mais lindas “garças” da nossa querida Força Aérea Brasileira! Garças corajosos, amigas e destemidos! Foram milhares de horas sobrevoando a nossa tão querida e cobiçada Floresta Amazônica!  Uma vez, pousando numa daquelas pequeninas pistas, tão curtas, tão estreitas e “saltitantes”, exigindo pousos “mais que perfeitos”, se não as pontas das asas do velho Douglas tocariam nas enormes castanheiras que margeavam aquelas pistas, pistas que mais pareciam pistas de aeromodelos. Cortados os motores, liberados os passageiros, eu ficava olhando, pensativo, o choro dos índios; o choro é o jeito que os índios têm para demonstrar alegria pela volta dos seus entes queridos, que trazíamos nas missões do CAN-AM (Correio Aéreo Nacional da Amazônia), após tratamentos médicos indispensáveis em Manaus. Mas neste caso específico a “choradeira” era também devido o pouso “curtíssimo”, quando o cachorro magro e de estimação do “Pajé”, verdadeiro rei daquela pequena tribo de índios “Ianomâmis”, correu na direção do avião, e acabou morrendo “atropelado”, mesmo depois das mandingas e “orações” desesperadas feitas pelo “Pajé”, que não gostou nada do acontecido, pois me olhava com raiva, mostrando o seu enorme e ameaçador tacape. Foi quando eu percebi que as rodas do avião estavam quase “pegando fogo”, devido à intensidade dos freios aplicados para não “varar a pista”. Mandei que o nosso “copila” corresse e dessa partida nos motores, para que o vento das hélices apagasse o fogo, o que provocaria o estouro dos pneus. Foi quando, inesperadamente, uma indiazinha que ia viajar conosco, pensando que o avião ia partir, correu para embarcar, vindo com tudo na direção das hélices em movimento. Foi quando eu corri e me joguei no chão, agarrado com a menina, evitando mais um “probleminha”; probleminha que se transformaria num problemão, pois o “Pajé” não iria mais me “perdoar”; e certamente eu não estaria aqui a lhes contar essas historinhas. São tantas “historinhas miúdas”; são tantas as lendas; são tantos os casos, os mais lindos pernoites que guardamos na memória, idos e vividos durante aqueles nossos saudosos e inesquecíveis tempos sobrevoando o imenso, o lindo, o incrível e perigoso “Inferno Verde Amazônico”.

Coronel Maciel.

 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

MENDONÇA NO STF.

 

Mendonça, mais um merda no STF.

O Bolsonaro, coitadinho dele, deve estar muito puto de outra facada desferida por esse nervosinho evangélico cheiroso de merda, que fala sem pensar, dizendo, primeiro, que não houve derramamento de sangue em “64”, para logo em seguida -- para fazer “média” com essas malditas esquerdas -- dizer que houve muito sangue derramado, e pede desculpas pelo mal-entendido, desse modo entrando de “pé esquerdo” no STF -- “cagando o pau dos militares” --  já cansados,  putos da vida,  sem que ninguém dê um mísero tiro festivo de canhão para nos defender. Ora porra, digo eu para minha vó, do alto dos meus velhos, bem voados e bem vividos “81”: -- Minhas últimas esperanças, vovozinha querida, era que esses novos “Generais”, que naquelas épocas não tinham nem nascidos, parissem pelo menos um “puta que os pariu” -- na defesa desse Brasil tão grande, tão amado e tão traído.  Coitadinhos dos nossos filhos e netos, “os quais”, com todas as pedras nas mãos, já estão dizendo por aí: -- Que porra de pais é esse que vocês nos deixaram, seus bandos de “bunda moles” de merda...

Coronel Maciel.