terça-feira, 14 de dezembro de 2021

O TEMPO REENCONTRADO.

 

O tempo reencontrado.

Quando passei para reserva mais ou menos remunerada, continuei no maior dos meus maiores vícios: voar!  Fui voar num velhíssimo, mas experiente e corajoso “Bandeirante”. Ora transportando cartas, jornais, revistas, sedex, entre Natal/Recife/Natal; ora transportando turistas, Natal/ Noronha/Natal. A minha vida era um vidão! Um belo dia, era um sábado, dia da nossa folga, fui acionado para um voo extra: transportar sete turistas Italianos que haviam “fretado” a velha garça.  Ora, estava eu na maior folga, em plena praia, devorando lagostas, camarões e louríssimas “geladas”. E lá fui eu voar.  Na hora do embarque, uma surpresa: sete lindas mulheres, belas, todas também “fretadas”, acompanhavam os alegres italianos. Perguntei ao despachante se estava previsto o embarque das “meninas”. Ele disse que não. Mas como o avião estava mesmo fretado, e as meninas eram “cargas preciosas”, autorizei de imediato o embarque. Houve uma época na minha desregrada vida que, além de voar, eu gostava de tocar violão, e de imitar o meu velho amigo, o Frank Sinatra: “New York, New York”, “My Way”; e também outros “velhos amigos”, o Nelson Cavaquinho, o Lupicínio, e outros do mesmo naipe.  

Mas voltando ao rumo antigo. Durante a “travessia”, com o avião nivelado, voando calmamente no topo das nuvens, quando uma das meninas, ousadamente à vontade, com aquele “perfume de mulher”, veio me perguntar se poderiam fazer um “desfile” pelo corredor do Bandeirante. Ora, o corredor do Bandeirante vocês sabem o tamanhão que ele é.  Aprovei de imediato a ideia.  Beleza de desfile! Os italianos deliravam. Voavam! Passamos uma noite e tanto em Noronha. Arranjei logo um violão; “Amore, amore”, cantavam os Italianos. -- New York, New York cantávamos nós. Nunca vi tantas latinhas de cerveja na minha doce vida. No auge da brincadeira, as meninas gritavam: -- Acaba agora não, mundo bom!!! Na volta, domingo de tardezinha, voando num topo bem definido, eu mostrava às meninas o Sol se pondo lá longe, dourando as nuvens, antes que a noite transformasse aquele "ouro azul" em "carvão". Começaria tudo outra vez se possível fosse meu amor...

Coronel Maciel.

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