O tempo reencontrado.
Quando passei para
reserva mais ou menos remunerada, continuei no maior dos meus maiores vícios:
voar! Fui voar num velhíssimo, mas experiente
e corajoso “Bandeirante”. Ora transportando cartas, jornais, revistas, sedex,
entre Natal/Recife/Natal; ora transportando turistas, Natal/ Noronha/Natal. A minha
vida era um vidão! Um belo dia, era um sábado, dia da nossa folga, fui acionado
para um voo extra: transportar sete turistas Italianos que haviam “fretado” a
velha garça. Ora, estava eu na maior
folga, em plena praia, devorando lagostas, camarões e louríssimas “geladas”. E
lá fui eu voar. Na hora do embarque, uma
surpresa: sete lindas mulheres, belas, todas também “fretadas”, acompanhavam os
alegres italianos. Perguntei ao despachante se estava previsto o embarque das
“meninas”. Ele disse que não. Mas como o avião estava mesmo fretado, e as
meninas eram “cargas preciosas”, autorizei de imediato o embarque. Houve uma
época na minha desregrada vida que, além de voar, eu gostava de tocar violão, e
de imitar o meu velho amigo, o Frank Sinatra: “New York, New York”, “My Way”; e
também outros “velhos amigos”, o Nelson Cavaquinho, o Lupicínio, e outros do
mesmo naipe.
Mas voltando ao rumo
antigo. Durante a “travessia”, com o avião nivelado, voando calmamente no topo
das nuvens, quando uma das meninas, ousadamente à vontade, com aquele “perfume
de mulher”, veio me perguntar se poderiam fazer um “desfile” pelo corredor do
Bandeirante. Ora, o corredor do Bandeirante vocês sabem o tamanhão que ele é. Aprovei de imediato a ideia. Beleza de desfile! Os italianos deliravam.
Voavam! Passamos uma noite e tanto em Noronha. Arranjei logo um violão; “Amore,
amore”, cantavam os Italianos. -- New York, New York cantávamos nós. Nunca vi
tantas latinhas de cerveja na minha doce vida. No auge da brincadeira, as
meninas gritavam: -- Acaba agora não, mundo bom!!! Na volta, domingo de
tardezinha, voando num topo bem definido, eu mostrava às meninas o Sol se pondo
lá longe, dourando as nuvens, antes que a noite transformasse aquele "ouro
azul" em "carvão". Começaria tudo outra vez se possível fosse
meu amor...
Coronel Maciel.
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