Sobrevoando o lindo e
perigoso “Inferno Verde”.
Deitado na minha velha
rede branca; recordando “de longe” aqueles saudosos tempos pilotando as mais
lindas “garças” da nossa querida Força Aérea Brasileira! Garças corajosos,
amigas e destemidos! Foram milhares de horas sobrevoando a nossa tão querida e
cobiçada Floresta Amazônica! Uma vez,
pousando numa daquelas pequeninas pistas, tão curtas, tão estreitas e “saltitantes”,
exigindo pousos “mais que perfeitos”, se não as pontas das asas do velho
Douglas tocariam nas enormes castanheiras que margeavam aquelas pistas, pistas
que mais pareciam pistas de aeromodelos. Cortados os motores, liberados os passageiros,
eu ficava olhando, pensativo, o choro dos índios; o choro é o jeito que os
índios têm para demonstrar alegria pela volta dos seus entes queridos, que
trazíamos nas missões do CAN-AM (Correio Aéreo Nacional da Amazônia), após
tratamentos médicos indispensáveis em Manaus. Mas neste caso específico a “choradeira”
era também devido o pouso “curtíssimo”, quando o cachorro magro e de estimação
do “Pajé”, verdadeiro rei daquela pequena tribo de índios “Ianomâmis”, correu
na direção do avião, e acabou morrendo “atropelado”, mesmo depois das mandingas
e “orações” desesperadas feitas pelo “Pajé”, que não gostou nada do acontecido,
pois me olhava com raiva, mostrando o seu enorme e ameaçador tacape. Foi quando
eu percebi que as rodas do avião estavam quase “pegando fogo”, devido à
intensidade dos freios aplicados para não “varar a pista”. Mandei que o nosso
“copila” corresse e dessa partida nos motores, para que o vento das hélices
apagasse o fogo, o que provocaria o estouro dos pneus. Foi quando,
inesperadamente, uma indiazinha que ia viajar conosco, pensando que o avião ia
partir, correu para embarcar, vindo com tudo na direção das hélices em
movimento. Foi quando eu corri e me joguei no chão, agarrado com a menina,
evitando mais um “probleminha”; probleminha que se transformaria num problemão,
pois o “Pajé” não iria mais me “perdoar”; e certamente eu não estaria aqui a
lhes contar essas historinhas. São tantas “historinhas miúdas”; são tantas as
lendas; são tantos os casos, os mais lindos pernoites que guardamos na memória,
idos e vividos durante aqueles nossos saudosos e inesquecíveis tempos
sobrevoando o imenso, o lindo, o incrível e perigoso “Inferno Verde Amazônico”.
Coronel Maciel.
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