quarta-feira, 5 de março de 2014

Enquanto isso, lá na África do Sul...


Quantos e quantas trocam os efêmeros prazeres aqui na terrinha, pelos eternos prazeres nos céus? Quantos e quantas passam vidas inteiras nos confessionários? Charles Baudelaire, um dos meus preferidos da literatura mundial, era um feroz defensor da liberdade de costumes; ao ler “As flores do mal” percebemos logo que se trata de um livro autobiográfico; encontramos em cada uma das suas encantadoras e pecadoras linhas seu delicioso gosto pelos prazeres; pelos pecados! Participamos da sua enorme sua solidão no meio das “brabas” multidões. Suas blasfêmias, paradoxos. Sua impressionante lucidez (Raul Seixas teria aprendido com ele?). Dizia Baudelaire: “Eu te amo, cidade maldita! -- As prostitutas e os perseguidos sabem proporcionar prazeres muitos seus, que o vulgo jamais compreenderá!”. Por essas e outras Baudelaire foi perseguido pela extrema direita católica da França. Não conseguiu ingressar na famosíssima “Académie Française”, fundada por Richelieu, em 1635. Ainda bem!

  A nossa “Academia”, fundada pelo Machado de Assis, ficou também famosíssima depois que Zé Sarney, perigoso malandro e  dono da capitania hereditária do Maranhã, com o seu “Marimbondo de Fogo” debaixo dos braços,  apossou-se de uma das suas tão velhas quanto honradas cadeiras, passando a tomar seu chá das cinco na companhia de outros grandes “bebedores”, bebedores dos verdadeiros, como o bom baiano João Ubaldo Ribeiro, um dos meus “imortais” preferidos. O seu “A Casa dos Budas Ditosas”, que livro bom de ler! -- Budas ditosos, felizes, afortunados. Que livro cheio de pecados! Os grandes pecados que sempre existiram e sempre existirão. Grandes pecados da carne! Grande João Ubaldo!

Se faço esse “arrodeio todo” é porque hoje, sem querer e sem esperar, ouvi de uma de duas “saradíssimas” garotas ainda fantasiadas de carnaval dizer, acompanhada da mais  gostosa gargalhada, que “amor de pica é o que fica”. -- Nada mais verdadeiro, disse-lhes eu também gargalhando, que ficaram surpresas, pois não imaginavam que sem querer eu também as ouvia.

Não eram daqui de Natal. Eram lindas turistas gaúchas. Acabamos conversando animadamente, enquanto caminhávamos pela praia. Eram duas mulheres lindas, livres, ricas e desimpedidas. Conversa vai, conversa vem, chegamos ao caso desse atleta sem pernas, que está sendo julgado lá na África do Sul. – Não sei o que houve, dizia uma delas, para esse “filho da puta” fazer o que fez; uma moça tão linda! Só se foi muita cana, misturada com muita droga pesada; ou algum dito mal dito na hora do “fuqui-fuqui”, que fez o cara perder a cabeça. -- Eu que não queria transar, nem brincar de amores com um cara sem pernas. Imagine a falta que faz quando na “Hora H”, meu filho, procuramos pelas pernas?  É verdade; nestas horas pernas também “faz falta”, disse uma delas na maior das gargalhadas! -- O Roberto Carlos pelo menos tem uma!...
Meu querido, meu velho, meu amigo pai sempre me dizia:- - Meu filho, em mulher não se bate, se deixa! Em homem não se bate; se mata!

Coronel Maciel.

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