quinta-feira, 19 de novembro de 2020

ESTOU FICANDO VELHO.


Ia eu hoje, manhã cedinho, dando minhas sonolentas caminhadas, assobiando uma musiquinha bem antiga, que reza:-- Estou ficando velho/mas não sinto cansaço/ e também não me troco/ por qualquer bacanaço/ pois quando eu chego/ na minha sociedade/ as mulheres exclamam/ chegou seu felicidade -- quando sou interrogado por um esbelto garotão, desses tipo “atleta no corpo, no crâneo, menino”;  desses que passam horas, dias, meses malhando nas Academias, acompanhado pelo seu cachorrão de estimação, quando  parou, ficou me olhando admirado, e mui educadamente perguntou:-Mestre, desculpe eu perguntar: qual é mesmo a sua idade? -- Oitenta! – E a sua? – 34. E fomos caminhando, conversando, quando eu perguntei o que ele gostava de fazer na vida: -- Nada, respondeu brincando; nada; minha família felizmente é rica.  -- Gosto mesmo é de surfar; de me esbaldar, de namorar todas essas garotas lindas desta cidade maravilhosa, pois de repente a gente também pode chegar aos 80... disse também brincando. -- Você gosta de ler? -- Não. Aliás, para lhe ser sincero, eu nunca li nem um livro na vida!  Nos despedimos, e lá fui eu caminhando e assobiando pelas ruas do meu bairro, e pensando assim, como pensam os poetas: como tem cara que nasce de “cu pra lua”, neste mundo. -- Porra, eu, e muitos outros de “nóis”, com 34, estávamos em pleno voo; uns, sobrevoando as ondas verdes dos  mares do mundo, pilotando seus lindos aviões; outros, sobrevoando a imensa, linda, majestosa, verdejante  Floresta Amazônica. Uns, quando morrem, dizem, vão direto para o céu; outros, ficando voando pelas redondezas...

Coronel Maciel.

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