domingo, 27 de março de 2022

CADERNETAS DE VOO.

 

Cadernetas de Voo.

Vez em quando abro  minhas velhas “Cadernetas de Voo”, tão cheias das mais variadas “Indisciplinas de Voo”. Quantas vezes me surpreendo, e fico pensando: será que “sou eu mesmo” que fiz essas “leãozadas” todas, ou foi meu Anjo da Guarda?   Menino ainda, menino travesso, menino moleque, um cão chupando manga daquelas centenárias mangueiras que enfeitam as ruas do meu Belém do Pará. Empinando papagaios; jogando bola na rua; jogando peteca, pegando pião na unha; “brechando” meninas lindas nuinhas-nuinhas tomando banho nas águas mornas dos meus saudosos igarapés. Sempre  de pés descalços e braços nus; tudo na minha linda, quente e úmida cidade morena do meu  Belém do Pará – Gostava de ficar  horas esquecidas olhando os céus do quintal lá de casa, imaginado coisas... Sonhando coisas... Sonhando, sonhando... São tantos os sonhos  quando somos crianças.  Naqueles velhos tempos, naqueles idos de 1950, eu ficava olhando o voo dos “Catalinas” da FAB, lá no alto, lá no céu, beijando as nuvens, em voos de treinamento de estóis, monomotor simulado, velocidade reduzida, arremetidas no ar e tantas outras manobras necessárias para tornar os pilotos aptos para os perigosos voos sobre o “Inferno Verde”, outro nome da majestosa floresta amazônica.  Bem em frente de casa ficava a “Reta Final” para pouso no aeroporto internacional de Val-de-Cans, “o maior Aeroporto do mundo”! Os aviões da época eram os Douglas DC-3, os Curtiss C-46, os garbosos “Constelations”, das antigas companhias de aviação: -- Cruzeiro do Sul, Lóide Aéreo, NAB, PANAIR; não me lembro se já existia a VARIG. Vez em quando chegavam aviões da PANAM, vindo dos Estados Unidos, para pousos técnicos em Belém. Chegavam de tardezinha vindos do Rio, São Paulo, Manaus, Santarém, Miami; passavam tão baixos, com seus trens e flaps baixados, quase roçando as linhas enceradas dos nossos papagaios. Já naqueles tempos os meus sonhos se resumiam em ser piloto daqueles “enormes” aviões! Não deu outra: com 16anos, 1957, ingressei na EPC do Ar, em Barbacena, “a cidade das rosas e do melhor clima do Brasil”, de onde “decolei” para grandes e saudosas missões nos aviões da nossa querida Força Aérea Brasileira!

Coronel Maciel.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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